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O esperado comportamento da inflação

Alta de 0,26% do IPCA em junho não justifica maior apreensão e era aguardada pelas instituições financeiras

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Por Notas & Informações
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A alta de 0,26% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em junho, após a deflação de 0,38% observada em maio, não justifica maior apreensão. O IPCA registrou aumento de apenas 0,1% no primeiro semestre e de 2,13% em 12 meses. Quando muito, as perspectivas de correção de alguns preços no mês em curso poderão limitar novos ajustes baixistas da taxa básica de juros, que já é de 2,25% ao ano, quase 65% inferior à meta da Selic (6,5%) de um ano atrás.

As variações do IPCA em junho eram esperadas. O maior impacto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), veio do item alimentação e bebidas, que subiu 0,38% e contribuiu com 0,08 ponto porcentual (30%) para o índice mensal. Seguiu-se a alta de 0,31% dos transportes, em especial de combustíveis, cujos preços voltam a subir após quatro meses em queda.

Cresceram também, com menor impacto sobre o IPCA, os preços dos itens artigos de residência, saúde e cuidados pessoais, comunicação e educação.

Os maiores ônus para os consumidores em junho devem ser atribuídos à elevação de preços das carnes, do leite longa vida, do arroz, do feijão carioca e do queijo. A alta não foi compensada pelo arrefecimento dos preços de outros produtos alimentares, como o tomate e a cenoura.

Para julho, especialistas preveem novas pressões sobre os preços de alimentos, mas, em particular, de transportes (devido à recomposição do preço dos derivados de petróleo), habitação, saúde e cuidados pessoais. A pandemia do novo coronavírus provocou o adiamento de reajustes de preços administrados, que neste mês deverão voltar a subir, caso da energia elétrica.

Mas os núcleos de inflação, que captam tendências desprezando choques temporários, estão próximos da estabilidade, avaliam economistas de instituições financeiras. Isso reflete o comportamento contido dos preços de serviços, que se recuperam mais lentamente.

Duas, entre as forças principais que influenciam preços, devem ser observadas. Uma é o ritmo da atividade, em que se destaca a recuperação já em curso no comércio e na indústria e o vigor do agronegócio. Outra são os limites impostos à recomposição de preços pelo desemprego e pela perda de renda de milhões de trabalhadores.