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O impacto da ajuda emergencial no varejo

Foi notável o impacto no faturamento do comércio do auxílio emergencial pago às famílias de renda mais baixa

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Por Notas & Informações
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Foi notável o impacto no faturamento do comércio do auxílio emergencial pago às famílias de renda mais baixa. Levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) constatou que o faturamento do comércio varejista paulista alcançou R$ 779,9 bilhões em 2020, com aumento de 1,6% em relação ao total do ano anterior, graças à renda extra das famílias mais necessitadas proporcionada pelo auxílio emergencial.

Ainda que em valores nominais, é um resultado surpreendente para um ano em que as condições de vida da população e a atividade econômica em geral foram duramente afetadas pela pandemia de covid-19 e pelas medidas necessárias para conter sua propagação.

Auxílio emergencial amparou o varejo de São Paulo até mesmo quando valor da parcela foi reduzido. Foto: Werther Santana/Estadão

Esse desempenho apreciável se deveu, segundo estimativas da FecomercioSP, ao fato de que as famílias que receberam o auxílio destinaram para o consumo dois terços desse valor (ou 65,7%, nas contas dos economistas da entidade do comércio paulista).

Mesmo com valor reduzido nos últimos meses de 2020, o benefício continuou a ter papel destacado na renda e nas condições de vida de milhões de famílias e na atividade econômica em geral. Mas, como era previsto, o auxílio emergencial deixou de ser pago a partir do fim do ano passado. O que poderá acontecer com o faturamento do varejo em 2021 caso não seja criada uma forma de benefício que substitua a ajuda financeira de 2020?

As contas da FecomercioSP são claras. Sem o auxílio emergencial, o faturamento mensal médio do varejo paulista cairá 2,6%. O desempenho do varejo brasileiro será ainda mais fraco, com redução de 11,7%. Isso porque o auxílio emergencial pesou mais na renda das famílias dos demais Estados do que em São Paulo, onde é menor a proporção da população em situação social considerada apta a receber o benefício.

Na base desses cálculos está o fato de que as parcelas de R$ 600 (depois reduzidas para R$ 300) pagas mensalmente a mais de 60 milhões de pessoas injetaram R$ 196,4 bilhões no comércio varejista.

A despeito de ter mantido o faturamento, o varejo encolheu em 2020, com o fechamento de 60 mil empresas no Estado de São Paulo e redução de 16% no pessoal ocupado. No País, o contingente empregado no varejo caiu de 8,7 milhões em 2019 para 7,7 milhões no ano passado.