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O impacto da automação no emprego

O porcentual estimado de automação para o Brasil está bem acima dos padrões internacionais. O motivo é a baixa qualificação dos postos de trabalho

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Por Editorial Econômico
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Dos 16 milhões de postos de trabalho criados entre 2003 e 2016, 70% correm o risco de serem substituídos por máquinas controladas por computadores. A estimativa é de uma pesquisa do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), que levou em conta, entre outras fontes, dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) do governo federal. O objetivo do estudo foi avaliar o impacto da automação na matriz de emprego de cada um dos 5.570 municípios do País e apontar alternativas específicas para cada um deles.

O que chamou a atenção dos pesquisadores é que, apesar de o processo de automação vir ocorrendo em todo o mundo, o porcentual estimado para o Brasil está bem acima dos padrões internacionais. O motivo é a baixa qualificação dos postos de trabalho aqui criados. Entre os tipos de trabalho que serão mais afetados, destacam-se os de vendedores de varejo, assistentes administrativos, estoquistas, operadores de caixa e empregados do setor de serviços. Apenas os professores não estão ameaçados pela substituição por máquinas, afirmam os pesquisadores do Coppe/UFRJ.

Segundo eles, mais de 60% da população ocupada nas cinco regiões do País será afetada. O Centro-Oeste é a região onde a automação será mais forte, seguido pela Região Sul. As Regiões Norte e Nordeste serão menos atingidas, uma vez que suas respectivas economias dependem basicamente de atividades primárias pouco sujeitas à automação, como extração mineral e vegetal.

Como o País tem hoje 12,5 milhões de desempregados, a saída para evitar que esse número aumente ainda mais, segundo o estudo do Coppe/UFRJ, é a mesma que foi adotada, com sucesso, por vários países em desenvolvimento. Ela passa pela modernização do ensino básico, sem o que o Brasil não conseguirá aumentar a taxa de escolaridade da população, e pela ampliação de projetos de requalificação profissional, como os que são oferecidos pelas entidades do comércio e da indústria.

Esse é o único caminho para os trabalhadores atingidos pela automação transitarem para empregos com maior especialização. Mas há anos os governos vêm agitando bandeiras mais vistosas do que eficazes no campo do ensino e da requalificação. E mudar esse cenário demora tempo.