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Os limites à reação forte do varejo

Não faltam motivos para explicar a fraca retomada, a começar do enorme contingente de trabalhadores desempregados e desalentados

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Por Redação
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O comércio varejista ficou quase estagnado ao longo do primeiro semestre, quando o aumento do volume de vendas em relação a igual período de 2018 foi de apenas 0,6% no varejo restrito e de 3,2% no varejo ampliado (que inclui o item que mais se recuperou nos últimos anos – veículos e motos, partes e peças).

Não faltam motivos para explicar a fraca retomada, a começar do enorme contingente de trabalhadores desempregados e desalentados, num total de cerca de 25 milhões de pessoas, ao que se acresce o endividamento alto e as dificuldades enfrentadas pelas famílias de baixa renda, que mais sofrem com a fraca atividade econômica.

Entre maio e junho, as vendas do varejo ampliado ficaram estáveis e as do varejo restrito cresceram apenas 0,1% na série livre de influências sazonais, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre junho de 2018 e junho de 2019, houve declínio de 0,3% no varejo restrito, o que se explica pelo menor número de dias úteis de junho deste ano. Sem isso, teria havido crescimento de 1%, segundo a gerente da pesquisa do IBGE, Isabella Nunes.

Na comparação entre os primeiros semestres de 2018 e de 2019, desperta atenção a queda de 0,3% do item hiper, supermercados, produtos alimentícios e fumo, entre os que refletem o consumo obrigatório das famílias. Em igual período, aumentaram 6,2% as vendas de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, parecendo indicar que as famílias gastam nas farmácias o que economizam na compra de alimentos.

Nas mesmas bases de comparação, também caíram as vendas de combustíveis e lubrificantes, de tecidos, vestuário e calçados, de móveis e eletrodomésticos, de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação e, em especial, de livros, jornais, revistas e papelaria (em queda de 27% no período).

Os resultados do varejo foram piores do que os esperados por analistas e serão balizados, doravante, por vários fatores, tais como a liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS-Pasep e a velocidade de recuperação da economia.

O economista Sergio Vale, da MB Associados, notou que os dados de junho afastam o risco de que tenha havido recessão no primeiro semestre. Isso é muito menos do que se espera.

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