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Percepção das indústrias é desfavorável

Nem a aprovação em primeiro turno da reforma da Previdência parece ter sido suficiente para estimular os industriais

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Por Redação
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A melhora de alguns indicadores macroeconômicos, tais como a tendência de queda da inflação e os juros mais baixos dos empréstimos de recursos externos, não bastou para induzir os industriais a alimentar expectativas mais favoráveis quanto ao futuro, segundo a última prévia da Sondagem da Indústria da Fundação Getúlio Vargas e do Instituto Brasileiro de Economia (FGV/Ibre). Tampouco houve melhora na situação atual, segundo o Índice de Confiança da Indústria (ICI da FGV/Ibre) de julho.

Ou seja, é cada vez mais evidente o predomínio da desconfiança em relação ao governo. Nem a aprovação em primeiro turno da reforma da Previdência parece ter sido suficiente para estimular os industriais.

Um dos poucos dados favoráveis do levantamento foi o aumento do nível de utilização da capacidade instalada, que, em valores dessazonalizados, passou de 75% em junho para 75,6% em julho. Mas é preciso avaliar esse indicador com cautela, pois os empresários do comércio evitam ampliar os estoques. Segundo a FecomercioSP, “os comerciantes estão comprando pouco para não inflar o volume, diante da estagnação das vendas”. Assim procedendo, 58,3% dos 600 comerciantes ouvidos pela FecomercioSP em julho consideraram que têm estoques adequados, contra o porcentual de 52,2% de julho de 2018.

Desde maio de 2018 o ICI da FGV/Ibre não alcança a marca de 100 pontos que separa os campos favorável e desfavorável. Entre junho e julho de 2019, o ICI caiu de 95,7 pontos para 94 pontos. A queda foi mais intensa no índice de situação atual do que no índice de expectativas.

Na série dessazonalizada do ICI, houve crescimento em relação ao mês anterior em janeiro, fevereiro e abril, e diminuição em março, maio, junho e julho. O indicador de confiança anda aos sobressaltos, mostrando que falta aos empresários segurança para produzir e investir.

Uma reação mais clara da indústria poderia vir do consumo interno com a liberação de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS-Pasep. Mas em vez de criar um ambiente favorável à economia, mediante um anúncio claro das medidas de estímulo, o governo mostrou dificuldade para avaliar o impacto da liberação sobre o segmento imobiliário, que depende muito do FGTS, em especial no financiamento da habitação social.