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Petrobrás lucra e está vencendo ‘grave doença’

Venda de combustíveis a preços inferiores aos dos custos de importação levou a Petrobrás a acumular prejuízos de quase R$ 72 bilhões entre 2014 e 2017

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Por Redação
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Ao divulgar os bons resultados de 2018 da Petrobrás, que voltou a dar lucro após quatro anos consecutivos de prejuízo, o presidente da empresa, Roberto Castello Branco, notou que a companhia ainda “está convalescendo de uma grave doença” e que o ano passado “marcou o fim de um ciclo doloroso”. Mas o lucro de R$ 2,1 bilhões no quarto trimestre de 2018, inferior ao esperado pelos analistas, evidencia que o desempenho da estatal “está muito aquém do desejável”, admitiu Castello Branco.

Entre 2014 e 2017, a Petrobrás acumulou prejuízos de quase R$ 72 bilhões em valores nominais. Foi o custo da política insensata da ex-presidente da República Dilma Rousseff de venda de combustíveis a preços inferiores aos dos custos de importação. Em 2015, no auge da política de preços subsidiados ao consumidor, a Petrobrás teve prejuízo recorde de R$ 34,8 bilhões.

Impôs-se o saneamento da companhia e foi o que começou a fazer o governo de Michel Temer na gestão Pedro Parente, à frente da Petrobrás até meados de 2018. Os preços foram reajustados e passaram a seguir as variações das cotações do óleo bruto no mercado global. O endividamento líquido foi reduzido de US$ 100,4 bilhões em 2015 para US$ 69,4 bilhões em 2018 e aumentou o prazo médio de vencimento das dívidas. Cresceu o fluxo de caixa, ao mesmo tempo que a empresa reduzia despesas gerais e administrativas e arrumava a casa após a Operação Lava Jato. Mas a venda de ativos de US$ 6 bilhões foi inferior ao esperado. 

Custos relevantes foram absorvidos, dos quais R$ 5 bilhões em contingências judiciais, unificação dos campos produtores do Parque das Baleias e pagamento de R$ 3,1 bilhões em participações especiais. Os acionistas esperavam dividendos superiores aos R$ 7,1 bilhões relativos a 2018. 

A política de corte de custos e fortalecimento de sua atividade principal poderá ser reforçada em futuro breve com novo programa de demissão voluntária (PDV) e, no médio prazo, com a eventual saída das áreas de distribuição e, principalmente, de refino, concentrando ainda mais esforços na exploração e produção. Para 2019, a Petrobrás projeta um aumento da produção e resultados melhores.

Acima de tudo, o que se destaca é a decisão de gerir a Petrobrás com critérios privados, no interesse dos acionistas, a começar da União.

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