Imagem ex-librisOpinião do Estadão

Reabertura da captação dá alento a empresas

Ação atrai quem busca nos países emergentes, juros mais altos do que os praticados no mercado global.

Exclusivo para assinantes
Por Notas & Informações
Atualização:
1 min de leitura

Depois de uma fase de estreitamento, o mercado global de crédito volta a se abrir para o País. Incluindo as captações do primeiro bimestre de 2020 e raras operações realizadas após a deflagração da pandemia do novo coronavírus, o montante levantado no primeiro semestre já supera US$ 15 bilhões. Trata-se da retomada de um segmento que pode empurrar para a frente a atividade econômica, embora seu alcance direto seja mais intenso para grandes companhias, que emitem títulos de dívida (bonds) no mercado exterior, do que para empresas de menor porte, que têm de se valer dos bancos locais para ter acesso a novos recursos externos.

Entre janeiro e fevereiro, num momento de farta liquidez no mercado e perspectivas mais favoráveis para a economia brasileira, empresas brasileiras realizaram nove emissões no exterior. Depois disso, a Petrobrás captou US$ 3,25 bilhões em maio e o Tesouro Nacional captou US$ 3,5 bilhões em junho colocando bônus soberanos. Em julho, a Vale já captou US$ 1,5 bilhão em 10 anos, a uma taxa anual de 3,85%, bem inferior à prevista, e com uma demanda de US$ 9 bilhões. A Raízen poderá captar US$ 300 milhões.

Também o mercado doméstico de capitais dá bons sinais. Segundo a Coluna do Broadcast publicada no Estado de 7/7, anúncios de captação superaram R$ 15 bilhões num só dia. As emissões previstas de ações deverão ser feitas por Lojas Americanas, pela incorporadora JHSF, pela companhia ambiental Ambipar e pela empresa de tecnologia educacional Vasta, do Grupo Cogna.

No momento de maior retraimento, o mercado acionário se fechou e o mercado global só oferecia recursos a custos muito elevados, salvo para clientes de risco baixíssimo, como o Tesouro Nacional.

Com o início da distensão econômica e mesmo antes que se consolide uma reabertura, as condições voltam a atrair financiadores, que querem receber de empresas de países emergentes juros mais altos do que os praticados no mercado global.

A tomada de recursos em dólar não é recomendada para qualquer empresa. Ela se justifica, em especial, no caso de companhias que têm receitas em moeda externa ou que demandam recursos de longo prazo. Mais importante é ter acesso a novos mercados num momento econômico difícil.