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Retomada lenta e coronavírus minam confiança

Recomendação é de cautela para projeções do setor industrial; já o de serviços vem sendo afetado pela baixa atividade econômica, e os empresários desse segmento veem poucas perspectivas de recuperação mais forte nos próximos meses

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Por Notas & Informações
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A confiança do empresariado industrial registrou novo avanço em fevereiro, desta vez de 0,5 ponto, enquanto a dos empresários do setor de serviços recuou 1,7 ponto. São dados do Índice de Confiança da Indústria (ICI) e do Índice de Confiança de Serviços (ICS),divulgados há pouco pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV).

A discrepância entre os dois índices é pontual e tende a desaparecer em março e nos meses seguintes. As perspectivas para os dois setores da economia, que já não eram muito animadoras, estão piorando.

A deterioração do cenário internacional por conta da disseminação do coronavírus recomenda cautela para as projeções do setor industrial. Já o de serviços vem sendo afetado pela baixa atividade econômica no início do ano e os empresários desse segmento veem poucas perspectivas de recuperação mais forte nos próximos meses.

A confiança do empresariado industrial vinha aumentando nos últimos meses. Em fevereiro, a alta fundamentou-se na melhora dos indicadores de situação atual, com destaque para a demanda e para o aumento do nível de utilização da capacidade instalada.

“Para os próximos meses, no entanto, a sondagem indica certa cautela por parte dos empresários, tanto nas previsões em relação à demanda quanto ao nível futuro de produção”, observou a economista do Ibre-FGV Renata de Mello Franco. Ela lembrou que a pesquisa de fevereiro foi baseada em dados coletados até o dia 21 do mês. Assim, não captou a piora do cenário mundial em razão do rápido aumento do número de pessoas contaminadas pelo coronavírus em todo o mundo. 

Quanto ao setor de serviços, fevereiro foi o segundo mês consecutivo em que houve perda de confiança do empresariado. Esses resultados corroeram os ganhos observados no final do ano passado, de modo que o índice voltou ao nível de setembro.

“O resultado vem sendo influenciado pela piora da percepção sobre a situação atual, mas o destaque de fevereiro foi a diminuição das expectativas, após três meses de alta”, observou o economista Rodolpho Tobler. A lenta recuperação da economia em 2020 e as previsões pessimistas para o futuro próximo sugerem poucas perspectivas de retomada rápida do crescimento.