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Saldo comercial cai, mas há atenuantes

País sofre com as limitações do comércio global e, em especial, com a deterioração da economia argentina, terceira maior receptora das exportações brasileiras

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Por Notas & Informações
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Os indicadores de agosto do comércio exterior confirmam a tendência de queda de exportações e de importações e de recuo do superávit acumulado nos últimos meses, com reflexo negativo sobre as contas cambiais.

O País sofre com as limitações do comércio global e, em especial, com a deterioração da economia argentina, terceira maior receptora das exportações brasileiras.

As exportações de agosto atingiram US$ 18,9 bilhões. A média diária de US$ 857 milhões é a menor desde fevereiro e caiu 1,7% em relação a julho. Ainda pior é a comparação com agosto de 2018, mas isso se deve à distorção decorrente de operações fictícias com plataformas de petróleo que estão produzindo no País.

Nos últimos 12 meses, as vendas externas de US$ 230,2 bilhões subiram apenas 0,6% em relação às dos 12 meses anteriores. Como as importações também estão contidas, em razão da baixa atividade econômica, o superávit em 12 meses pouco se alterou, atingindo US$ 53,2 bilhões em agosto.

A sustentação de um superávit comercial igual ou superior a US$ 50 bilhões se deve cada vez mais às vendas de produtos primários. Em agosto, as exportações de básicos atingiram US$ 10,3 bilhões (55% do total das vendas), enquanto em agosto de 2018 responderam por 49,1%.

O peso dos produtos primários é dominante apesar da queda de cotações e de redução dos embarques de soja e petróleo. Na comparação com agosto de 2018, o que mais tem ajudado as exportações de básicos são o milho em grão, o minério de ferro, o café em grãos e o fumo em folhas.

A queda das vendas de manufaturados se deve, em parte, à falta de demanda argentina. Entre agosto de 2018 e agosto de 2019, houve queda de 47,7% nas exportações de automóveis de passageiros, de 34,6% nos veículos de carga e recuos superiores a 20% nos itens partes de motores e turbinas de aviação, motores para veículos e partes, aviões e autopeças.

Como o mercado global está crescendo pouco e não há perspectivas de melhora de curto prazo na Argentina, o Brasil depende mais das exportações para os Estados Unidos, para a Ásia e para mercados com menor peso, caso do Oriente Médio e da África. Pior do que a queda do superávit é que a corrente de comércio (soma de exportações e importações) declinou neste ano, indicando que a economia do País está mais fechada.