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Saldo comercial e o ritmo da recuperação

A mais recente projeção do governo é de que o saldo comercial de 2020 pode chegar a US$ 55 bilhões

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Por Notas & Informações
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A média diária das importações vem crescendo desde junho, o que pode indicar uma recuperação, ainda que lenta, da produção e do consumo internos. O resultado de outubro, de US$ 619,9 milhões, no entanto, é 20% menor do que o de um ano antes.

No ano, a média diária de importações é um pouco mais baixa, de US$ 609,2 milhões, 14,7% menor do que a do ano passado. A média das importações da indústria de transformação registrou queda menos acentuada, de 13,2%, mas ainda expressiva. Essa queda reflete as dificuldades que o segmento continua a enfrentar, a despeito dos sinais de recuperação nos últimos meses.

O aumento das importações observado até agora ainda é insuficiente para compensar as reduções observadas no período anterior, um sinal da lentidão com que se recompõe a atividade econômica para alcançar o ritmo observado antes da pandemia. A desvalorização do real é também fator de inibição das compras externas.

É a queda das importações em geral – que nos dez primeiros meses do ano somaram US$ 126,7 bilhões, com redução de 15,9% em relação a igual período de 2019 – que explica o superávit comercial de US$ 47,662 bilhões acumulado em 2020, 23,7% maior do que o resultado de janeiro a outubro do ano passado (US$ 38,524 bilhões), de acordo com a Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia. As exportações estão praticamente estáveis em relação às de 2019.

A mais recente projeção do governo é de que o saldo comercial de 2020 pode chegar a US$ 55 bilhões. Estimativas de analistas do setor privado são mais otimistas, chegando a US$ 60 bilhões (no ano passado, o superávit comercial foi de US$ 46,7 bilhões).

No mês passado, as exportações da indústria de transformação cresceram 4,7% em relação às de um ano antes. Pode ser um sinal de que, com a gradual retomada da atividade econômica nos principais mercados para os produtos industrializados brasileiros, as vendas externas desses bens podem voltar a crescer.

Há, porém, o risco de que o aumento em outubro tenha sido pontual. A evolução da pandemia em algum dos principais países compradores pode reduzir sua demanda. E a Argentina, principal destino desses produtos, continua em crise e com o uso de medidas de contenção das importações. Por isso, o resultado de outubro deve ser visto com cautela.