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Salto efêmero das vendas de veículos

Com alta de 29,9%, a produção do mês passado foi a maior desde maio de 2014

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Por Redação
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Um único fator – a base de comparação muito baixa – explica o aumento expressivo de 29,9% da produção de veículos entre os meses de maio de 2018 e de 2019, que passou de 212,3 mil para 275,7 mil unidades, conforme a Carta da Anfavea de junho. A greve dos caminhoneiros foi determinante para os maus resultados de maio do ano passado, pois as montadoras enfrentaram problemas de suprimento.

A produção do mês passado foi a maior desde maio de 2014. O número de licenciamentos também foi mais elevado na mesma base de comparação, passando de 201,9 mil para 245,4 mil.

Os demais dados de maio de 2019 indicam que o setor de veículos se ajusta a um cenário econômico mais difícil. Em relação a abril, a produção cresceu apenas 3,1% e, entre os primeiros cinco meses de 2018 e de 2019, avançou 5,3%, para 1,24 milhão de unidades.

A produção vem sendo muito afetada pela diminuição das exportações para a Argentina, mas, no mês passado, o recuo das vendas externas de veículos foi menos intenso: -30,7% em relação a maio de 2018, comparativamente a -42,2% entre os primeiros cinco meses de 2018 e de 2019.

É possível que as exportações para a Argentina se recuperem com os descontos sobre os preços de venda anunciados há pouco pelo presidente Maurício Macri, mas a Anfavea informa que ainda está avaliando o assunto.

Por ora, as montadoras privilegiam a política de redução de custos. Em maio, reduziram em 148 o número de empregos e nos últimos 12 meses cortaram 2.357 vagas, para 130 mil. A entidade está cortando suas estimativas de produção deste ano devido à piora do mercado externo, mas continua prevendo aumento da demanda interna.

Um dos fatores positivos para as montadoras está no crescimento da demanda de caminhões, que ocorre tanto na produção como nas vendas.

Numa fase de aperto do consumidor final, as montadoras têm conseguido ampliar o mercado de frotas de veículos leves para locação. Nestes casos, os veículos são vendidos com descontos.

O baixo ritmo da atividade econômica faz com que o mercado de veículos dependa mais intensamente de crédito a custos módicos. Nos últimos 12 meses, até abril, o crédito a veículos para pessoas físicas cresceu 13,8%, com juros médios de 22,6% ao ano.