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Serviços também mostram fraqueza no fim de 2019

Depois de quatro anos de redução ou estagnação, o volume de serviços cresceu 1,0% em 2019; é um avanço tímido, insuficiente para recuperar a perda acumulada na crise de 2015 a 2017, que chegou a 11%

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Por Notas & Informações
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São ambíguos os sinais da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) com os resultados de dezembro do ano passado, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na quinta, 13. A pesquisa é, ao mesmo tempo, animadora e fonte de alguma inquietude quanto à atividade econômica. Animadora porque, depois de quatro anos de redução ou estagnação, o volume de serviços cresceu 1,0% em 2019. É um avanço tímido, insuficiente para recuperar a perda acumulada na crise de 2015 a 2017, que chegou a 11%.

Além disso, os resultados dos últimos meses de 2019 sugerem que a recuperação perdeu fôlego, fenômeno observado em outros segmentos. A queda em dezembro foi de 0,4%, na comparação com o mês anterior; e nos últimos dois meses de 2019 a perda acumulada foi de 0,5%.

Como resumiu o gerente da PMS do IBGE, Rodrigo Lobo, “os serviços começam a mostrar algum fôlego no início do segundo semestre e há uma pequena devolução no fim de 2019”. Poderia ser apenas uma mudança temporária na tendência. Mas esses dados se juntam a outros para mostrar uma lenta, e às vezes errática, recuperação da economia brasileira ao longo do ano passado. Números sobre a atividade econômica no início de 2020, como os das exportações do agronegócio brasileiro em janeiro (ver editorial Dividir a carga do agronegócio, na página A03), sugerem a persistência de dificuldades conhecidas e o surgimento de novas.

O setor de serviços corresponde a cerca de dois terços do PIB brasileiro, mas seu desempenho é fortemente dependente da atividade de outros setores. Os serviços de transportes, que têm peso expressivo no conjunto do setor, vinham apresentando variação negativa ao longo do ano passado e em dezembro caíram 1,3%; no acumulado do ano, a redução foi de 2,5%. Economistas de consultorias privadas atribuem parte dessa queda à fraca atividade da indústria.

Já a alta, como observou o economista Vitor Vidal, da LCA Consultores, deveu-se em boa parte a “setores que não têm muita relevância para o PIB”, como os serviços de televisão a cabo. Esses serviços pesam bastante na PMS, mas pouco na composição do PIB.

Destaque-se que a PMS e outros indicadores já divulgados ainda não incorporam as incertezas quanto ao impacto da epidemia de coronavírus na economia brasileira.