Se os índices de desemprego continuam elevadíssimos, deixando cerca de 13 milhões de pessoas sem ocupação, aqueles que conseguiram preservar seus postos de trabalho têm motivos para alguma satisfação. É o que mostra o Salariômetro - Mercado de Trabalho e Negociações Coletivas de junho, pesquisa tabulada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo (USP), com base na página Mediador da Secretaria de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia.
De um total de 540 acordos negociados entre patrões e empregados em junho, para uma inflação em 12 meses acumulada em 4,8% os reajustes médios foram próximos de 5%. Esse porcentual exato prevaleceu em 33% dos acordos, segundo a Fipe.
Porcentuais superiores a 5% foram registrados em 20% dos acordos, sendo 9% com aumentos entre 5,1% e 5,9%, 6% com reajustes entre 6% e 6,9%, 4% com índices entre 7% e 7,9% e 1% com correções nominais iguais ou maiores que 8%. Ou seja, 53% dos acordos tiveram reajustes reais.
E como cerca de 17% dos acordos foram feitos com reajustes entre 4,8% e 4,9%, a Fipe constata que a maior parte das negociações foi benéfica aos trabalhadores.
A rigor, as negociações que resultaram em índices de correção de vencimentos inferiores ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) representaram apenas 30,7% do total.
Já as convenções coletivas, que se aplicam a categorias profissionais, foram menos generosas com os trabalhadores. Reajustes iguais ou superiores ao INPC só foram obtidos em 35% das convenções.
Com a queda da inflação, é provável que os reajustes nominais de salários sejam menores no semestre em curso. Entre julho e dezembro de 2019, a projeção do INPC para períodos de 12 meses é inferior a 4%, segundo a Fipe. Mas a expectativa do professor Hélio Zylberstajn, coordenador do Salariômetro, é de que aumentos reais devem continuar.
Como informou o Salariômetro, a quantidade de negociações encerradas volta a crescer em 2019, aproximando-se dos níveis anteriores à reforma trabalhista.
O fato de predominarem, hoje, reajustes superiores à inflação revela que muitas empresas parecem ter superado os efeitos da recessão. Além disso, os aumentos podem propiciar algum alento ao consumo.