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Uma economia em ritmo dissonante

Enquanto a economia mundial deve crescer mais de 5% neste ano, a brasileira deve ter expansão menor do que 4%

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Por Notas & Informações
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No grupo das 11 principais economias do mundo, a do Brasil é a única que não acompanha as demais. No cenário internacional marcado pela recuperação estável ou firme, com crescimento suficiente para repor as perdas em que os maiores países incorreram no ano passado, o Brasil está ficando para trás.

Enquanto a economia mundial deve crescer mais de 5% neste ano, segundo as principais projeções das instituições multilaterais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a brasileira deve ter expansão menor do que 4%, insuficiente para compensar a redução de 4,1% de 2020.

Guedes terá que resistir à insatisfação geral do Congresso que virá nos próximos meses. Foto: Alex Silva/Estadão

Essa discrepância é registrada pelo sistema de indicadores compostos avançados da OCDE, que acompanha a evolução das principais economias do mundo. Enquanto em todas as demais que compõem o grupo de 11 avaliado pela Organização a situação varia entre “crescimento constante” ou “aumento da expansão”, a do Brasil é avaliada como “redução do ritmo do crescimento”.

Na pontuação que afere as tendências das economias analisadas, 10 mostraram alta entre fevereiro e março. A exceção foi o Brasil, que mostrou redução. Dados conjunturais compilados por instituições nacionais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e institutos de pesquisa acadêmicos, vêm há algum tempo mostrando esse fato. O ritmo de expansão diminuiu e o ânimo de investidores e consumidores igualmente arrefeceu.

Nos outros países, os indicadores continuam a apontar para uma retomada firme e, em alguns casos, em aceleração. A confiança do consumidor impulsiona a economia dos Estados Unidos. Em outros países desenvolvidos, o crescimento é pelo menos estável.

Nas economias em desenvolvimento, como China, Rússia e Índia, os indicadores são igualmente animadores. Com os resultados deste ano, muito provavelmente suas populações estarão em situação melhor do que a de antes da pandemia.

No Brasil, porém, a recuperação deve ser mais lenta. Talvez só em 2023 a crise esteja inteiramente superada. Os motivos são conhecidos: falta de rumo das políticas fiscal e econômica, erros graves no enfrentamento da pandemia, aumento do desemprego e outras indicações de que problemas econômicos e sociais persistem