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Opinião|É preciso coragem porque navegar é preciso

País carece de soluções concretas para os problemas reais, pois maioria dos brasileiros está cansada de falsos profetas e promessas

Atualização:

Passamos pela fase mais aguda da pandemia de covid-19, que já ceifou 615 mil vidas no Brasil, mas ainda enfrentamos tormentas e águas revoltas. O presente envelheceu rápido, trazendo inflação, baixíssimo crescimento econômico, falta de emprego e renda. Trouxe descrença e semeou desesperança. A expectativa de uma vida melhor demora a aparecer no horizonte.

Somos uma nação que em breve completará 200 anos de independência, mas que ainda sofre com problemas de séculos passados. Dentre todos, o pior é a vergonhosa fome. As nossas ruas são um espetáculo desolador de miséria e tristeza. Como seguir adiante? Eu acredito que é preciso coragem. Como ensinou o saudoso Dr. Ulysses Guimarães, navegar é preciso!

E navegar não é só uma licença poética. Longe disso. É preciso materializar soluções para os problemas reais, porque a imensa maioria dos brasileiros está cansada de falsas promessas e de falsos profetas. Não podemos continuar reféns de demagogos, de extrema direita ou de esquerda.

O Brasil não quer mais o velho e ultrapassado “nós contra eles”. A polarização chegou a limites inaceitáveis. Com seus caminhos alternativos, o vírus do negacionismo se alastra. Traz descrença e medo. O povo não sabe em quem acreditar e passa a duvidar da sua maior força: o voto. Nasci no auge da ditadura. Cresci assistindo aos movimentos pró-redemocratização. Foi quando comecei a navegar. E tinha esperança!

Desde muito cedo, aprendi a importância do diálogo e da tolerância. Acredito na construção de um país onde as diferenças devam ser muito menores do que aquilo que nos une. Não aos extremos! As brasileiras e os brasileiros são o nosso maior ativo, segundo valores de uma sociedade plural e tolerante. Eles devem ser, sim, os protagonistas de seu próprio destino. E clamam por urgência.

É nosso objetivo maior fornecer uma educação mais eficiente, mais inclusiva e mais conectada à modernidade. Justiça, mérito e modernidade devem ser nosso norte. Isso com equilíbrio na gestão dos recursos públicos e na cobrança por mais resultados. Devemos reforçar o Sistema Único de Saúde (SUS), nosso orgulho mundial. Valorizar as entidades filantrópicas sérias e ter mais rigor com a distribuição de recursos do setor.

É nosso dever apresentar soluções para nossa combalida economia. Elas precisam ser as mais simples e previsíveis possíveis. Aquelas que toda dona de casa sabe: não gastar mais do que se tem e gastar com o que realmente importa. Sem medidas mirabolantes, mas procedendo com bom senso e cautela.

O Brasil já havia absorvido a responsabilidade fiscal, mas retrocedeu. Cedeu a pedaladas e a fura-tetos. O Brasil tem futuro e queremos contribuir para que isso se faça o mais rapidamente possível. Não podemos mais esperar nem tergiversar. Defendo o setor produtivo brasileiro, pois é a produção que gera os empregos de que tanto necessitamos.

Quem acompanha a rotina do Congresso Nacional sabe da minha seriedade e do meu compromisso com o Estado Democrático de Direito. Como advogada e primeira mulher presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, agi sempre em favor do combate à corrupção, sem nunca abrir mão do direito de defesa e do respeito ao devido processo legal. Defendo com todo ardor a moralidade pública. Na CPI da Covid, defendi a ética, a ciência e a medicina contra o negacionismo, a falta de respeito com o dinheiro do povo e as fake news.

Antes de ser senadora da República, fui prefeita da minha cidade, deputada e vice-governadora do meu Estado, o Mato Grosso do Sul, um lugar de pioneiros e de conflitos. Mas, sobretudo, um lugar de gente corajosa que soube trabalhar a terra e dela render seus frutos. Não tenho medo de desafios e confrontos. Sempre soube equacioná-los no respeito ao direito de todos.

O Brasil é uma nação que sempre fomentou a paz entre os povos e tentou ser exemplo mundial de proteção ambiental. Mais recentemente, o País virou um pária, algo inadmissível.

Em vez de buscar aliados do campo democrático, nossas autoridades preferem se sentar à mesa com ditadores, defendendo regimes que atacam os direitos humanos. A democracia não é negociável!

É preciso cuidar das pessoas. Especialmente dos jovens, cada vez mais desanimados com a realidade que se impõe sombria. Eu sei o que é ser mãe. É todo o tempo preocupar-se com o presente, com o futuro e com o sonho de cada filho e filha que nasce de dentro da gente. A felicidade deles é a nossa também.

Já percorri uma longa estrada. Tenho experiência e me sinto preparada. O desafio de conduzir os destinos de um país com as desigualdades do Brasil é imenso, mas não é maior que o tamanho da nossa diversidade, da nossa riqueza e da nossa capacidade de acreditar e de sermos generosos.

Sou otimista e tenho fé em Deus. Por isso acredito que, com verdade e coragem, farei o máximo para representar no coração de todos uma nova esperança para o Brasil. 

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SENADORA (MDB-MS), É PRÉ-CANDIDATA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

Opinião por Simone Tebet