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A boa gestão na Saúde

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Por Redação
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Os métodos e procedimentos da administração privada, aplicados no setor público, puseram fim à longa espera por serviços de saúde de qualidade de mais de meio milhão de moradores de uma das regiões mais carentes da zona sul de São Paulo, o Jardim Ângela. É o que mostra a experiência do Hospital Municipal Dr. Moysés Deutsch, inaugurado em abril do ano passado, na Estrada do M?Boi Mirim, obra prometida por vários governos municipais nos últimos 20 anos, mas sempre adiada. Tão importante quanto a decisão de concluir a obra foi a ideia do prefeito Gilberto Kassab de confiar sua administração a duas Organizações Sociais (OSs), o Hospital Israelita Albert Einstein e o Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (Cejam). Essa providência venceu a burocracia que costuma retardar o início do funcionamento de hospitais públicos recém-construídos e encarece os serviços, além de baixar a qualidade do atendimento. Concluída a obra, o Hospital do M?Boi Mirim em apenas dois meses iniciou suas operações. Em entrevista à revista Exame, o secretário municipal de Saúde, Januário Montone, explicou que uma unidade hospitalar daquele tamanho, nas mãos do governo, leva mais de um ano para começar a funcionar. Além dos demorados processos de licitações para a compra de equipamentos e para a realização de concursos públicos, há muita demora também na aprovação, pela Câmara Municipal, da lista dos servidores selecionados para trabalhar no hospital - fato que o público pouco conhece. No novo hospital, a Cejam se responsabilizou pela gestão do contrato com a Prefeitura, assegurando o cumprimento de metas de qualidade e produtividade, realizou a contratação dos 1,2 mil funcionários da unidade, todos pelo regime da CLT, o que permite que o quadro de profissionais esteja sempre completo e haja maior comprometimento com o trabalho. Agilidade na contratação e na demissão é fator essencial para a qualidade do serviço prestado. No Hospital do M?Boi Mirim, se um médico deixa o emprego, em um mês seu substituto está a postos. Na administração pública, a substituição demora o triplo do tempo. Além disso, as Organizações Sociais conseguem superar um dos principais obstáculos ao bom atendimento: a resistência dos profissionais a ficar de plantão na periferia nos fins de semana. No regime da CLT, o profissional pode fazer um único plantão no mês, enquanto no sistema público é obrigado, por lei, a cumprir jornadas frequentes, enfrentando a distância e a violência da periferia. Bem administrado, o M?Boi Mirim paga aos seus médicos o dobro do que recebem profissionais da administração municipal. O diretor do hospital, Silvio Possa, não foi indicado pelo secretário de Saúde nem é apadrinhado de vereador. Foi selecionado pelos mesmos critérios por que passam todos os executivos do Hospital Albert Einstein. O Albert Einstein responde pela operação da unidade, pelo treinamento dos profissionais e pelos protocolos de diagnósticos e de tratamento de doenças. A Prefeitura supervisiona e custeia os serviços. Com esse modelo, que já funciona em outros quatro hospitais municipais, durante o primeiro ano de operação do Hospital Dr. Moysés Deutsch foram realizados mais de 156 mil atendimentos, 2.549 cirurgias, 2.262 partos, quase 250 mil exames laboratoriais e 72 mil exames de imagem. Os resultados confirmam estudo realizado pelo Banco Mundial que comparou o desempenho dos hospitais públicos paulistas administrados pelo governo e aqueles assumidos pelas OSs sob contratos de gestão. Nas 27 unidades da rede estadual analisadas e geridas por instituições privadas, a taxa de mortalidade é de 3,3%. Nos hospitais com administração pública direta, o índice alcança 5,3%. Cada leito sob a gestão das OSs recebe, em média, mais de 5 pacientes por mês. Nos hospitais administrados pelo governo, apenas 3. O gasto por leito até a alta do paciente é de R$ 2,9 mil nos hospitais terceirizados e de R$ 4,3 mil naqueles sob a gestão pública. As OSs levam ao setor público práticas que resultam em transparência e eficácia em favor da população.