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A CNI menos otimista do que o IBGE

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Por Redação
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A análise do desempenho do setor industrial em abril, apresentada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), é menos otimista do que a do IBGE. Menos abrangente do que a do IBGE e, levando em conta o faturamento, não o volume da produção, ela traz, porém, dados complementares que a enriquecem. O IBGE destaca a continuidade do crescimento, enquanto a CNI relata uma interrupção dos sinais de recuperação. Em abril, em relação ao mês anterior, a CNI registra uma redução de 1,9% do faturamento real, de 0,1% das horas trabalhadas e de 1,1% do nível de emprego no conceito dessazonalizado, enquanto a massa salarial real acusa queda de 2,9%. O recuo do faturamento real pode ser atribuído à queda das exportações, mas também a uma melhora da produtividade, que aparece quando se compara a evolução das horas trabalhadas com a do emprego, ao mesmo tempo que há um crescimento dessazonalizado do índice de Utilização da Capacidade Instalada (UCI) de 0,4 ponto porcentual. Houve, certamente, necessidade de reconstituir os estoques recorrendo a uma maior utilização dos equipamentos existentes, o que é um fator positivo. As horas trabalhadas se reduziram muito menos do que o nível de emprego, uma situação que sempre acompanha um período de recessão. As empresas as reduzem mais do que a queda do faturamento justificaria e então constatam que, com menos mão de obra, podem continuar atendendo à demanda. Isso naturalmente se reflete numa queda ainda maior da massa salarial - não sendo o período de desaceleração favorável a um aumento real de salários. A avaliação da CNI é que os dados levantados não permitem concluir que o processo de recuperação da produção industrial, que se havia observado nos três meses anteriores, esteja se consolidando. Espera-se uma recuperação nos próximos meses, em razão das isenções tributárias outorgadas a alguns setores. A produção de veículos em maio parece confirmar essa expectativa. Apenas no final do ano é que se poderá registrar crescimento em relação ao mesmo período de 2008, levando em conta que nos três primeiros trimestres do ano passado a produção atingiu um nível excepcionalmente bom. Com a redução da massa salarial, que deverá continuar nos próximos meses, só as transferências públicas é que deverão permitir crescimento da demanda.