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A concentração bancária é excessiva no Brasil

Em tese, menor concentração significa maior competição, com maior possibilidade de o cliente escolher a instituição com a qual quer trabalhar

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Por Redação
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Reportagem do Estado mostrou que apenas quatro bancos (Brasil, Itaú, Bradesco e Caixa Econômica Federal) detêm 72,4% dos ativos do sistema bancário brasileiro, superando em 43% os níveis de concentração observados em 2000. Há várias explicações para o aumento da concentração, também constatada em outros países, o que não quer dizer que não deva ser vista como elevada ou excessiva.

Com o fim da superinflação, na década de 1990, os bancos que dependiam do chamado imposto inflacionário para esconder a má gestão, entre eles gigantes estatais como o Banespa e o Banerj ou privados como Nacional, Bamerindus e Econômico, foram incorporados por grupos privados ou bancos públicos, provocando mais concentração do crédito. A onda persistiu tanto na década passada, sob influência da crise global de 2008/2009, quanto na atual, pela busca de ganhos de eficiência ou para a solução de problemas decorrentes da decisão dos controladores de sair do negócio ou de fechar subsidiárias em outros países. Foram os casos do HSBC, adquirido pelo Bradesco em 2015, e do Citi, cujas operações de varejo foram compradas em 2016 pelo Banco Itaú.

O fenômeno não é exclusivo do Brasil. Pesquisa de 2016 mostrou que 37 bancos norte-americanos desapareceram após a crise e foram reunidos em apenas 4. O Bank of America incorporou 12 bancos, e o Wells Fargo, 8. O JP Morgan Chase resulta da fusão de 11 bancos.

Para os clientes, a vantagem da concentração deveria ser a oferta de linhas de crédito e taxas de serviços mais baratas, o que nem sempre é fácil demonstrar. Ou seja, os benefícios são a maior oferta de serviços e a segurança. Bancos de grande porte são too big to fail (grandes demais para quebrar). Mas o Lehman Brothers quebrou e o italiano Monti dei Paschi di Siena está em apuros.

Em tese, menor concentração significa maior competição, com maior possibilidade de o cliente escolher a instituição com a qual quer trabalhar. O governo estuda o ingresso de novos bancos estrangeiros no País com vistas à melhora do crédito, hoje escasso e caro. No curto prazo, reduzir o custo do crédito parece mais importante para os tomadores do que reduzir a concentração.