
11 de setembro de 2009 | 00h00
O relatório do WEF observa que, graças às mudanças ocorridas no País a partir da década passada no rumo de uma política fiscal mais confiável e sustentável e também graças às medidas de liberação e abertura do mercado, que resultaram num ambiente mais favorável para o desenvolvimento, o Brasil conseguiu melhorar sensivelmente sua competitividade. Já está na metade de cima da tabela de classificação dos países analisados pelo WEF, que utilizou dados macroeconômicos conhecidos e entrevistou 13 mil executivos de empresas em 133 países. Pela primeira vez, o Brasil ficou na frente do México e também da Rússia - que, com o Brasil, a Índia e a China, forma o Bric -, que perdeu 12 posições.
Entre os principais fatores que tornam o Brasil mais competitivo, o relatório cita o amplo e crescente mercado interno de consumo, um dos mais desenvolvidos sistemas financeiros da região, o diversificado e sofisticado setor de negócios e o potencial para a inovação. A existência de grandes empresas brasileiras que estenderam suas atividades para outros países, chamadas pelo WEF de "multilatinas", também foi citada no relatório como demonstração do potencial e da competitividade da economia do País, pois essa expansão no exterior resulta, sobretudo, de uma tecnologia e de uma organização empresarial superiores.
O relatório ressalta, porém, que o Brasil ainda tem muitas carências que limitam sua competitividade e sua capacidade de combater a pobreza e a desigualdade de renda. Apesar de melhoras observadas nos últimos anos, o Brasil ainda ocupa as últimas classificações no que se refere a ambiente institucional, estabilidade macroeconômica, flexibilidade do mercado de trabalho, qualidade do ensino e saúde.
Neste ano, o relatório do WEF apresenta também uma pesquisa com alguns dos principais economistas do mundo, aos quais se perguntou como viam o impacto da crise sobre a competitividade de um grupo de 37 países considerados os mais importantes de todos os analisados. De acordo com a pesquisa, apenas 5 desses países poderão ter algum benefício com a crise, e o que mais se beneficiará é o Brasil - os demais são China, Índia (também integrantes do Bric), Austrália e Canadá.
Apesar das boas perspectivas para os Brics (exceto a Rússia), o WEF destaca que os governos desses países não podem esquecer que há vários desafios pela frente, como o aperfeiçoamento das instituições que asseguram o ambiente melhor para a produção e para os investimentos, a modernização da infraestrutura e a melhora da qualidade dos sistemas educacional e de saúde. As perspectivas relativamente melhores para esses países do que para o resto do mundo não devem alimentar a complacência de seus governos com relação às reformas, mas estimulá-los a fazer aquelas necessárias para dinamizar seu enorme potencial de competição. Trata-se de conselho que vem a calhar para o governo brasileiro, que abandonou o ímpeto reformista.
Quanto aos EUA, o relatório lembra que, embora o país tenha perdido a liderança mundial em matéria de competitividade, continuam tendo uma economia altamente sofisticada, contam com empresas inovadoras que impulsionam a modernização, dispõem de um excelente sistema de ensino universitário e têm um mercado interno que é, de longe, o maior do mundo.
No atual ambiente econômico, cheio de desafios, o relatório, diz o WEF, tem o mérito de mostrar que consequências podem ter para o crescimento futuro as ações que os governos estão adotando no presente.
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