
14 de fevereiro de 2016 | 03h00
Essa redução agrava a degradação do padrão de vida dos brasileiros mais pobres, justamente aqueles que desempataram a disputa eleitoral de 2014 em favor da petista porque acreditaram em suas promessas grandiosas. Com a inflação a carcomer sua parca renda e com o desemprego a assombrar seu futuro imediato, as famílias das classes mais baixas passaram a depender cada vez mais do auxílio proporcionado pelos programas sociais, que agora mínguam.
É claro que Dilma não reconheceu – e provavelmente jamais terá a grandeza de fazê-lo algum dia – que essa crise aguda foi manufaturada por seu incrível despreparo para o exercício da Presidência. Ela continua a apelar para o surrado estratagema de atribuir a necessidade de apertar o cinto – com o consequente sacrifício até mesmo dos sagrados programas sociais – à conjuntura internacional. Ao longo de 2015, nas raras vezes em que admitiu as barbeiragens que fez na economia, a petista atribuiu seus erros às alterações do cenário externo. “Levei vários sustos”, declarou a presidente, como se ela fosse uma cidadã comum, e não uma chefe de governo que dispõe de uma trintena de Ministérios, dezenas de secretarias e milhares de assessores comissionados para lhe fornecer as informações necessárias para não “levar sustos”.
O problema, porém, não é de desinformação. Afinal, muitos já tinham alguma ciência, desde 2013, de que a economia brasileira estava em pandarecos e de que as perspectivas eram sombrias. O problema é que Dilma, como os demais lulopetistas, é prisioneira de uma alucinação ideológica segundo a qual apenas o Estado dadivoso é capaz de acabar com a desigualdade socioeconômica e trazer desenvolvimento sustentado. Assim, mesmo dispondo das informações necessárias para saber que a gastança irrefletida um dia resultaria em desastre, Dilma preferiu ignorar a realidade, pois esta não correspondia às suas crenças.
O resultado disso é que a realidade acaba de atingir em cheio as fantasias voluntaristas de Dilma e de sua grei: vários programas sociais sofreram cortes significativos em 2015, cenário que deve se manter neste ano. Um exemplo é o Pronatec (programa de acesso ao ensino técnico), cujo orçamento para 2016 é 44% inferior ao de 2015. O Minha Casa, Minha Vida, esteio do Programa de Aceleração do Crescimento e menina dos olhos da presidente Dilma, perdeu 58% – e a petista já admitiu que não terá como cumprir as metas que anunciou na campanha.
Não bastassem os cortes, a inflação corroeu até mesmo os programas que tiveram aumento nominal de verbas. É o caso do Bolsa Família, que teve R$ 1 bilhão a mais em 2015, mas, graças à inflação, sofreu queda real de 4,7% em relação a 2014. O mesmo se deu com os programas Brasil Sorridente, Pronaf e Luz Para Todos. A maior perda no ano passado foi registrada no Brasil Carinhoso, voltado para crianças de famílias beneficiárias do Bolsa Família. O repasse nesse caso caiu 51%, já descontada a inflação.
Eis aí, sem retoques, o tamanho do estrago resultante da irresponsabilidade de Dilma. Mas essa mediocridade não é um destino. Se o Brasil enfim aprender, a partir da desastrosa experiência lulopetista, que um Estado balofo e perdulário é especialmente nefasto para os mais pobres – justamente aqueles que esse Estado diz proteger –, então o sacrifício não terá sido em vão.
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