
09 de abril de 2015 | 02h05
Nesse quadro, Estados Unidos e Reino Unido provavelmente ainda aparecerão liderando o crescimento no mundo desenvolvido. A Índia deverá surgir disputando com a China o primeiro posto entre os países com maior expansão neste ano e no próximo. O Brasil certamente estará, mais uma vez, entre os menos dinâmicos. Se houver alguma referência positiva à economia brasileira, será, provavelmente, algum comentário sobre os ajustes iniciados pelo governo federal.
Mesmo nas economias em firme recuperação, o principal desafio será o fortalecimento da capacidade produtiva. Só assim será possível aumentar o produto potencial. Esse conceito indica um limite - a produção máxima sem geração de pressões inflacionárias.
Vários fatores podem elevar esse limite - o investimento em máquinas, equipamentos e infraestrutura, a disponibilidade de trabalhadores, a capacitação de mão de obra, a oferta de recursos naturais, as mudanças tecnológicas e a inovação.
A simples enumeração desses fatores basta para evidenciar as principais dificuldades do Brasil. A economia brasileira é perdedora em vários desses quesitos. A maior parte de suas empresas pouco inova. Tanto no setor privado quanto no público tem sido muito baixo o investimento em ativos físicos. A educação continua muito ruim e a oferta de mão de obra capacitada permanece bem abaixo da necessária. Por esses e por outros fatores, os ganhos de produtividade têm sido escassos e a produção nacional - exceto em alguns segmentos industriais e no agronegócio - é pouco competitiva.
Nas economias avançadas, o crescimento potencial poderá passar de cerca de 1,3% ao ano entre 2008 e 2014 para cerca de 1,6% entre 2015 e 2020, de acordo com o relatório. Entre 2001 e 2007, a média havia sido 2,25%. No caso dos emergentes, a perspectiva é de uma redução de 6,5% (média de 2008 a 2014) para 5,2% no período seguinte. Esse declínio deve resultar da menor expansão da força de trabalho, de limites estruturais à expansão do capital e de um crescimento menor da produtividade total dos fatores.
Essas médias obviamente refletem o peso de economias bem mais dinâmicas que a brasileira. A experiência recente do Brasil foi bem menos brilhante que a da maior parte dos emergentes, mesmo quando a economia foi favorecida pela expansão dos mercados para as exportações de suas matérias-primas. Quando se trata de explicar as causas da redução dos investimentos nos últimos anos, é preciso ir além das causas mais amplas - redução dos preços das commodities, menor expectativa de lucros e condições financeiras menos favoráveis. É preciso identificar problemas especiais de cada país, como incertezas regulatórias na Índia e sanções econômicas impostas à Rússia.
No caso do Brasil, a baixa competitividade e a baixa confiança afetaram, segundo o relatório, a disposição dos empresários. Isso é visível, poderiam ter acrescentado seus autores, no mau desempenho da indústria de máquinas e equipamentos e na queda da importação de bens de capital - no fracasso, em suma, da política industrial baseada no protecionismo e nos favores seletivos.
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