
09 de outubro de 2014 | 02h06
Segundo o presidente do BCE, Mário Draghi, medidas de política monetária estavam chegando à economia real "de forma dolorosamente lenta". Com as novas decisões, acrescentou, as ações de estímulo devem ser transmitidas mais prontamente pelos canais financeiros e a política deve ganhar eficiência.
A nova política deverá também produzir, segundo alguns analistas, um efeito cambial. Com maior volume em circulação, o euro deverá desvalorizar-se. Isso poderá tornar mais baratos e mais competitivos os produtos exportados pelos países da união monetária. Também isso contribuirá para a recuperação econômica. Mas a taxa de câmbio, segundo Draghi, está fora dos objetivos da política monetária. A declaração pode ser verdadeira quanto aos objetivos do BCE. Mas a depreciação do euro, como efeito secundário da política, é ainda uma hipótese plausível.
Ao explicar as novas decisões, o presidente do BCE voltou a cobrar mais ação dos governos para o fortalecimento econômico dos países do euro. A política monetária, disse mais uma vez Draghi, é insuficiente, apesar de importante, para estimular a recuperação e repor as economias no caminho do crescimento prolongado. Ele cobrou, como em outras ocasiões, reformas estruturais para melhor funcionamento dos mercados e aumento da eficiência. Isso inclui mudanças no mercado de trabalho.
Em boa parte as cobranças de Mário Draghi coincidem com a lista de recomendações do FMI. A diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, voltou a defender, numa palestra em Washington, medidas adicionais para fortalecer a economia global. No caso da Europa, a orientação inclui estímulos fiscais - sem abandono do compromisso com a arrumação das contas públicas - combinados com reformas nos mercados de trabalho e de produtos. São, em geral, mudanças liberalizantes para reduzir custos, tornar os mercados mais flexíveis e facilitar os negócios.
As novas projeções divulgadas na terça-feira pelo FMI são menos otimistas que as do primeiro semestre. Os números sugerem uma recuperação lenta, com sensível descompasso entre países e regiões.
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