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A evolução do setor de serviços

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Por Redação
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A Pesquisa Anual de Serviços, do IBGE, demora para ser divulgada, mas é um retrato confiável do emprego, do salário e da renda no setor que mais contribui para o PIB (65,8%). Na que saiu agora, de 2007, o IBGE se valeu de dados de 1 milhão de empresas, que empregavam 8,7 milhões de pessoas e obtiveram receita operacional de R$ 580,6 bilhões. Nela, o IBGE comparou dados de 2003 com os de 2007, período em que a massa salarial paga pelas empresas pesquisadas evoluiu de R$ 61 bilhões para R$ 106,8 bilhões. A participação da folha de salários no valor adicionado caiu de 51,8%, em 2003, para 47,4%, em 2007. É um indício de que mais recursos foram destinados para pagamento de tributos ou para aumentar os lucros das companhias. O rendimento médio dos trabalhadores do setor declinou de 3,2 salários mínimos para 2,5 salários mínimos no período. Sabe-se que o salário mínimo foi corrigido bem acima da inflação, mas o salário real nos serviços cresceu apenas 6,3% entre 2003 e 2007, abaixo do PIB. A pesquisa confirmou, indiretamente, o alto grau de concentração das atividades formais na Região Sudeste: superior a 2/3 do total do País.. A participação do pessoal ocupado no Sudeste passou de 59,1%, em 2003, para 60,9%, em 2007, seguindo-se o Sul, com porcentuais de 17% e 16,4%. A renda salarial, na região, participou com 66,4%, em 2003, e com 66,9%, em 2007, do total dos salários do setor. Somando Sudeste e Sul, a participação foi de 81,3%. É grande a concentração do emprego e da renda nos serviços. A participação pequena do Norte e do Nordeste confirma, indiretamente, o alto grau de informalidade nessas áreas. Sugere, ainda, que programas assistencialistas, como o Bolsa-Família, pouco contribuem para a formalização. Quando se somam salários, retiradas e outras remunerações, alguns setores apresentaram recuperação expressiva entre 2006 e 2007 - caso dos serviços financeiros de corretoras e distribuidoras de valores (+28,6%), atividades imobiliárias e aluguel de bens (+l8,6%), serviços de informação (+10,3%) e serviços prestados às famílias (+9,8%). Mas o que se verifica é que ganhos dessa magnitude ocorreram em segmentos isolados. Nos subsetores que empregam muito, como o de limpeza (1,475 milhão de vagas), de transporte rodoviário (1,255 milhão) e de alimentação (1,204 milhão), os salários cresceram pouco. A crise econômica certamente agravou o quadro, o que só aparecerá nos dados de 2008.