
20 Março 2012 | 03h08
Diariamente, quem vem de longe por rodovias como a Castelo Branco, Raposo Tavares, Bandeirantes e Anhanguera, Imigrantes e Anchieta perde muito tempo nas proximidades das regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixada Santista porque há sempre um denso congestionamento a ser vencido, provocado pelo tráfego de curta distância.
A Rodovia Raposo Tavares teve aumento de 70% no tráfego nos últimos cinco anos. Parte dela é, na verdade, uma avenida, que cruza uma área de conurbação entre o Butantã, na zona oeste da capital, e a região de Cotia - um corredor que vive um boom imobiliário para o qual a malha viária não estava preparada (nem planejada).
Na última década, a população de Cotia cresceu quase 14% e hoje chega a 201.023 habitantes. Desse total, mais de 50 mil se concentram nos condomínios da Granja Viana, que tem sido a menina dos olhos da especulação imobiliária. Estão em construção pelo menos 800 escritórios distribuídos por quase uma dezena de novos centros comerciais na região, além de condomínios residenciais imensos, a maioria às margens da Raposo. Quase 200 mil veículos percorrem o trecho entre a capital e Cotia diariamente. É um bloqueio que paralisa a estrada, num rush que se inicia logo após as 5 horas e só se desfaz por volta das 22 horas.
Diante de situações como essa, o governo estadual cogita de regulamentar a construção de polos geradores de trânsito, impondo restrições a esses empreendimentos e exigindo que financiem a melhoria da malha viária. Os empreendedores teriam assim que fazer investimentos na construção e manutenção de vias marginais para que estas absorvam o chamado tráfego local ou de curta distância, de veículos que não pagam pedágio, mas congestionam o trânsito e desgastam as estradas. Para as concessionárias atuais das rodovias são investimentos que não foram estimados nos contratos, pois elas estão obrigadas a manter e ampliar ou melhorar apenas o leito principal da via concedida, em conformidade com os indicadores de qualidade do serviço estipulados também nos contratos.
A divisão de responsabilidade com os empreendedores imobiliários será parte do projeto do governo para reduzir o custo dos pedágios. A partir de 2013, o sistema de cobrança será modernizado e o motorista pagará apenas pelo trecho percorrido, num modelo idêntico ao utilizado em países da Europa e nos Estados Unidos. O Sem Parar será substituído pelo Ponto a Ponto, que funciona a partir de instalação de antenas em praças de pedágio virtuais, sem barreiras ou cabines de cobrança.
As tags coladas nos para-brisas dos carros terão de ser trocadas e o custo será bem mais baixo. Hoje, o usuário do Sem Parar paga R$ 66,72 pela taxa de adesão e mensalidades de R$ 11,90; recebe a fatura online ou via Correio e o valor é debitado em conta corrente ou cartão de crédito. A nova tag custará apenas R$ 3,00 e o motorista pagará apenas pelo trecho de estrada que usar.
O fato é que a administração de estradas no entorno de grandes concentrações urbanas é hoje assunto complexo que exige urgente modernização.
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