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A indústria nacional e as importações

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Por Redação
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Até a terceira semana de julho, a balança comercial teve saldo positivo de US$ 16,138 bilhões, com média de exportações por dia útil de US$ 578,1 milhões e de importações de US$ 489 milhões. Em comparação com o mesmo período do ano passado, as exportações caíram 22,7% e as importações, 29,6%. Isso permitiu que o resultado positivo da balança comercial ainda fosse 21,4% maior do que no mesmo período de 2008. No entanto, a indústria se queixa de ter tido déficit comercial de US$ 6,076 bilhões no primeiro semestre - 18,4% maior do que em igual período de 2008 -, uma vez que na atual conjuntura mundial a valorização da taxa cambial favorece as importações e dificulta as exportações. De fato, no 1º semestre as exportações de produtos industrializados, pela média diária, caíram 29,5%, enquanto as importações de bens de capital e de bens de consumo tiveram quedas, respectivamente, de 13,7% e de 7%. Neste quadro o Brasil parece se transformar em exportador de commodities (embora tenham caído 7,4%), pondo em risco o crescimento industrial. Essa visão da indústria merece alguns reparos. Não há dúvida de que as exportações de produtos manufaturados estão sofrendo em razão da queda da atividade nos países do Primeiro Mundo. Além disso, também sofrem com a concorrência, nos mercados dos emergentes, da China, que, com uma taxa cambial artificialmente desvalorizada e também com um custo de produção muito menor, está roubando dos produtos brasileiros alguns dos mercados dos países emergentes que eram grandes clientes da indústria nacional. Quanto à evolução das importações, que tiveram queda maior do que a das exportações, convém levar em conta alguns aspectos que mostram que a indústria nacional, em alguns casos, tira proveito das importações. A queda das compras de bens de capital se explica pelo fato de que as empresas industriais deixaram de investir, diante da incerteza da evolução do mercado doméstico. A queda das importações de matérias-primas e de bens intermediários (32,4%) é muito maior do que de todas as outras categorias de produtos, com exceção do petróleo, mas elas continuam representando 46,2% do total das importações, o que indica que parte delas é usada como componentes de produtos destinados tanto ao mercado interno quanto a exportações. Assim, deveriam ser deduzidas das importações da balança comercial da indústria.