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A indústria nacional não está em fase de recessão

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Por Redação
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O IBGE havia mostrado que, em maio, a produção física da indústria estagnara. Alguns dias depois, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou seus indicadores para o mesmo mês, elaborados com base no faturamento real, apontando um crescimento de 2,1% em termos dessazonalizados, depois de uma queda de 10,2% no mês anterior.Porém, o título do comunicado da CNI - UCI (Utilização da Capacidade Instalada) interrompe o crescimento em maio - leva em conta que a UCI caiu de 82,8, em abril, para 82,3, no mês seguinte. No entanto, todos os outros indicadores apresentam, além do faturamento real, uma variação positiva: horas trabalhadas (+1,9%); emprego (+0,4%); massa salarial real (+1,6%); e rendimento médio real (+0,8%). Dados que confirmam, aliás, a Pesquisa Mensal de Emprego e Salário (Pimes), do IBGE, divulgada ontem, mostrando crescimento de 4,2% do pessoal assalariado e de 3,7% da folha de pagamento real.Não estamos diante de um quadro recessivo, e pensamos que a indústria continua investindo - o que pode gerar, num determinado mês, uma capacidade de produção acima das necessidades - ou que as novas máquinas, mais modernas, têm uma produtividade maior.É curiosa, porém, essa tendência da indústria de querer dar a impressão de que entramos numa fase ruim da produção, certamente para alertar as autoridades sobre a necessidade de voltar aos incentivos oferecidos para enfrentar a crise e de deixar de aumentar a taxa básica de juros.No entanto, temos de reconhecer que o faturamento real já ultrapassou o nível pré-crise, embora a UCI continue um pouco atrás, o que consolida nossa hipótese da modernização dos equipamentos.Não se trata de manter incentivos para alguns setores, mas sim de perceber a lição dos incentivos, ou seja, que uma redução de preços por causa de menor carga tributária favorece um aumento das vendas, sem reduzir a arrecadação.A elevação da taxa básica de juros busca moderar o superaquecimento da demanda, que favorece uma alta de preços, isto é, uma redução do poder aquisitivo da população, e o excesso de importações, que eleva o déficit da balança comercial.Isso dito, pode-se questionar a criação de novas "zonas francas" que têm um objetivo meramente eleitoral, quando se verifica que estamos importando bens de consumo duráveis que poderíamos, pelo menos, montar no Brasil.