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A indústria sai do fundo do poço?

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Por Redação
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Pesquisas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgadas nos últimos dois dias mostraram tímidos sinais de melhora - ou de diminuição do ritmo de queda - do setor secundário. Na melhor das hipóteses, são indícios de que a indústria brasileira está prestes a sair do fundo do poço, pois as comparações com 2008 ainda são desalentadoras. Entre março e abril, o Indicador do Nível de Atividade (INA), da Fiesp, apresentou uma ligeira alta de 0,1%, levando em conta a variação sazonal, e uma queda de 1,6%, desconsiderada a sazonalidade. O recuo foi de 14,4% em relação a abril do ano passado. Porcentual semelhante (-14,6%) foi obtido na comparação entre os primeiros quadrimestres de 2008 e 2009. No melhor cenário, observou o diretor adjunto do Departamento de Economia da Fiesp, Walter Sacca, a indústria paulista cairá 5% neste ano. Mas para que isso ocorra terá de crescer, em média, 2,4% ao mês entre maio e dezembro. Se o ritmo do primeiro quadrimestre fosse mantido, haveria queda anual de 11,8%. Entre abril e maio, o Índice de Confiança da Indústria (ICI), calculado pela FGV em pesquisa com 1.075 empresas, teve recuperação de 6%, com ajuste sazonal. Foi o quinto mês consecutivo de melhora nesse indicador, que passou de 74,7 pontos, em dezembro de 2008, para 89,6 pontos, em maio - ainda assim distante da média histórica de 99,1 pontos. Também melhoraram os índices de situação atual (+7,6%) e de expectativas (+4,4%). Mas, na comparação com 2008, os recuos do ICI são, respectivamente, de 24,1%, de 26,1% e de 22%, mostrando a distância que há entre uma fase muito boa da economia e agora. A recuperação da indústria depende do mercado interno, que preserva um ritmo razoável de atividade. Em abril, por exemplo, as vendas reais dos supermercados aumentaram 16,9% em relação a março, por causa da Páscoa, segundo os dados da associação dos supermercados, a Abras. Mas o ritmo também depende das exportações e, aí, os sinais são ruins. Sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou que 73% das 1.307 empresas exportadoras entrevistadas foram afetadas pela crise. Elas são atingidas, principalmente, pela redução da demanda global (citada por 84%), a escassez de crédito (7%) e a desvalorização do dólar (6%). O governo pouco pode fazer contra esses problemas, mas pode desburocratizar e desonerar as exportações de manufaturados, que têm mais valor agregado.