
30 de janeiro de 2015 | 02h07
A intenção de investir diminuiu durante a maior parte do ano passado, aumentou ligeiramente no trimestre final e voltou a murchar neste mês. A piora da disposição em janeiro parece muito natural depois do recuo da produção em dezembro, mais acentuada, segundo a sondagem, que a dos anos anteriores. O indicador de produção despencou no fim do ano de 45,4 para 38,3 pontos, o nível mais baixo da série iniciada em janeiro de 2010. O porcentual de uso da capacidade instalada baixou de 70 para 68 em um ano.
A baixa disposição de investir combina também com as modestas expectativas de negócios nos próximos seis meses. O indicador de expectativa da demanda recuou de 55,8 pontos em janeiro de 2014 para 50,9 pontos neste mês. O da quantidade exportada diminuiu de 51,1 para 50,2 pontos. Para as indústrias pequenas e médias os dois índices ficaram abaixo de 50. Para as grandes, ficaram ligeiramente positivos nos dois casos - 52,5 pontos para a demanda e 51,3 para a exportação. As pequenas e médias, como tem sido normal no Brasil, continuam operando com maiores dificuldades em relação ao crédito e a outras condições essenciais para o crescimento e, muitas vezes, para a sobrevivência.
Os últimos dados oficiais sobre o desempenho da indústria são de novembro e foram divulgados no começo de janeiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De janeiro a novembro, a produção industrial foi 3,2% menor que a de um ano antes. As comparações foram negativas para todos os grandes conjuntos: bens de capital, intermediários e de consumo - duráveis e semiduráveis. A maior queda foi a da produção de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos. O resultado ficou 8,8% abaixo do acumulado entre janeiro e novembro de 2o13. Como a importação de bens de capital também foi menor que a do ano anterior, a conclusão é inevitável: mais uma vez as compras de bens de produção diminuíram. Mais uma vez, portanto, deixou-se de cuidar da produtividade e da competitividade.
A afirmação vale para o conjunto da economia, embora ainda se desconheçam os dados finais do Produto Interno Bruto (PIB) e de sua composição. Mas o investimento, medido pela formação bruta de capital fixo, muito dificilmente deve ter melhorado, pelo menos de forma significativa, nos últimos três meses. No terceiro trimestre, o total investido pelo setor público e pelo setor privado foi 8,5% menor que o de um ano antes. O valor investido nesse período equivaleu a 17,4% do PIB, a menor taxa para esse trimestre desde 2008, quando atingiu 20,7%.
Durante anos o crescimento econômico do Brasil foi puxado pelo consumo, mas essa mágica - muito confortável para o governo, econômica e politicamente - deixou de funcionar em 2011. O novo ministro da Fazenda anunciou a mudança de ênfase do consumo para o investimento, repetindo promessa de seu antecessor. Seriedade e firmeza - da presidente, em primeiro lugar - poderão criar as condições necessárias.
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