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A ligeira melhora da indústria

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Por Redação
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A produção industrial teve, em fevereiro, um crescimento com ajuste sazonal de 1,8% ante 2,1% no mês anterior. Isso ainda não permite dizer que está em recuperação a produção industrial, que em dezembro havia sofrido queda de 12,4%. Se em alguns setores de atividade a reação é incontestável, em outros a situação é preocupante. De fato, em fevereiro a produção industrial apresentou recuo de 17% em relação ao mesmo mês de 2008 e, no bimestre, de 17,2%, o que mostra que se está muito distante de atingir um nível normal de produção. A queda da produção de bens de capital (equipamentos e construção), de 6,3% em relação ao mês anterior e de 19,5% nos dois primeiros meses, em confronto com o mesmo período de 2008, indica claramente que o setor manufatureiro não acredita numa recuperação rápida da produção e considera que os investimentos já feitos permitirão atender à retomada da demanda doméstica. O crescimento de 10,5% dos bens de consumo duráveis (que dependem do crédito) não deve criar ilusões: neste setor domina a produção de veículos automotores, que acumulou uma alta de 52,2% nos dois primeiros meses de 2009 em resposta à redução tributária. Cabe, porém, assinalar o aumento de 1,5% dos bens intermediários, ante apenas 0,8% em janeiro, o que indica que a indústria, após ter utilizado seus estoques, se prepara para uma eventual retomada da demanda. O mesmo pode se dizer dos bens de consumo semiduráveis e não-duráveis, que de um recuo de 0,6% em janeiro apresentam crescimento de 1,7% em fevereiro. O que os dados da produção industrial parecem indicar é que as empresas, depois do choque de dezembro e acompanhando a demanda de janeiro, estão mais otimistas quanto à profundidade da crise.Esperam que o crescimento da folha de salários (notadamente a do funcionalismo público) e os gastos do governo mantenham uma atividade mínima e que o desemprego não cresça na mesma proporção verificada nos três últimos meses. No entanto, as empresas industriais consideram que, com os investimentos realizados em 2008 e com a queda da demanda externa, têm capacidade de produção suficiente, não estando preocupadas em melhorar sua produtividade. Essa atitude parece equivocada, a ponto de justificar incentivos do governo para que a indústria tenha novos ganhos de produtividade. Foi isso, afinal, que permitiu ao Brasil conquistar importantes mercados no Exterior.