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A mudança da tendência do IGP-M

Com a alta de 0,70% em agosto e 0,51% no mês anterior, o índice acumula variação de 6,66% no ano e de 8,89% em 12 meses

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Por Redação
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Utilizado como referência para a correção de valores de contratos, entre os quais os de aluguel de imóvel, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), vem tendo uma evolução notavelmente diferente da apresentada há um ano. Com a alta de 0,70% em agosto, ante 0,51% no mês anterior, o índice acumula variação de 6,66% no ano e de 8,89% em 12 meses. Em agosto de 2017, a elevação tinha sido de 0,10% (um sétimo da variação observada um ano depois) e, ao contrário da expressiva alta em 12 meses observada em 2018, acumulava queda de 1,71% em igual período.

A alta de 1,00% do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) – principal componente do IGP-M, com peso de 60% – foi a que mais pressionou o índice geral, como mostrou a FGV. Em 12 meses, o IPA acumula alta de 11,66%, em boa parte por causa da greve dos caminhoneiros ocorrida em maio. O índice referente ao subgrupo “matérias-primas brutas” subiu 2,61% em agosto (ante queda de 0,70% em julho), impulsionado pela alta de 3,68% do milho em grão, de 3,35% do minério de ferro e de 2,80% da soja em grão. Em sentido oposto, registram queda aves (-0,81%), café em grão (-4,91%) e trigo em grão (-1,29).

Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que responde por 30% do IGP-M, variou apenas 0,05% em agosto, ante 0,44% em julho. Das oito classes de despesas que compõem o IPC, quatro registraram queda. A principal contribuição para a alta veio do grupo habitação, que subiu 0,54%. Por fim, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), com peso de 10% no índice geral, subiu 0,30% em agosto, ante 0,72% em julho.

O efeito da desvalorização do real ante o dólar ainda não está visível na variação dos preços em agosto. “Algumas matérias-primas como soja, milho e leite tiveram elevação forte no mês”, na avaliação do superintendente adjunto dos índices gerais de preços da FGV, Salomão Quadros. Mas nenhuma dessas altas foi impulsionada pelo dólar. “Se o câmbio continuar se depreciando, matérias-primas para manufatura tendem a subir”, adverte Quadros. Ele ressalta, porém, que não se sabe ainda quando esse efeito surgirá. É provável que algum impacto seja observado nos índices de preços de setembro, que, por isso, não devem registrar desaceleração acentuada.