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A queda do consumo de energia

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Por Redação
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O consumo de energia elétrica caiu 2,7%, entre os primeiros semestres de 2008 e 2009, e 2,9%, na comparação entre junho dos dois anos, segundo a Resenha Mensal do Mercado de Energia da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Os dados revelam a intensidade da crise econômica. Mesmo prevendo recuperação do ritmo das atividades neste semestre, a EPE estima a queda de 0,5% a 1% no consumo deste ano, comparado a 2008. É um fato inédito na era Lula, pois até na recessão de 2003 houve aumento da demanda de energia. O consumo de energia elétrica cresce, historicamente, mais do que o Produto Interno Bruto (PIB), por causa do aumento da população e do número de domicílios. Entre junho de 2008 e junho de 2009, por exemplo, aumentou 1,8 milhão o número de consumidores residenciais de energia (+3,4%), dos quais 680 mil no Nordeste, onde o crescimento foi de 5,1%. A responsável pelos maus resultados deste ano é a indústria, com peso de 44% no consumo total de eletricidade. O consumo industrial de energia caiu 11,4%, entre os primeiros semestres de 2008 e 2009, e 10,5%, na comparação entre junho dos dois anos. E a queda foi mais intensa nas Regiões Sudeste e Nordeste, em razão do enfraquecimento da metalurgia básica e do setor siderúrgico, mostrando o quanto a crise global afetou as indústrias brasileiras que exportam. Bahia e Alagoas, com quedas no consumo energético de 18% e 10%, respectivamente, além de Minas Gerais e do Espírito Santo, foram os Estados mais atingidos pela retração da produção industrial. A EPE assinala que o consumo industrial deixou de cair a partir de maio. E junho foi o menos ruim dos últimos seis meses, do ponto de vista do consumo energético industrial, mas a recuperação não será rápida, admitem os técnicos. Em 2009, o consumo energético dependeu do comércio (+6%, comparado ao primeiro semestre de 2008) e serviços, como o turismo de negócios e o lazer. Já o consumo médio nas residências aumentou 2,3%, indicando o maior uso de computadores, eletrodomésticos e eletroeletrônicos pelas famílias. Uma forma de estimular o consumo de energia seria desonerar esse serviço, sujeito a encargos setoriais e a pesada tributação, que tornam as tarifas de eletricidade elevadas e insuscetíveis de redução como em outros países, quando há queda dos preços de insumos, gás natural ou petróleo. Aqui isso não acontece e a revisão das regras de Itaipu poderá tornar as tarifas ainda mais altas.