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A queda do emprego industrial

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Por Redação
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Em março a Fiesp constatou leve melhora do nível de emprego, com a abertura de 7,5 mil vagas (+0,31% em relação a fevereiro) em razão das contratações no setor de açúcar e álcool, em contraste com a diminuição do emprego em quase todos os outros segmentos. Em fevereiro, segundo os últimos dados do IBGE, o emprego na indústria brasileira caiu 1,3% em relação a janeiro, 5,2% em relação a outubro de 2008 e 4,2% em relação a fevereiro do ano passado - neste caso, a maior queda desde que o indicador, a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salários (Pimes), começou a ser feito, em 2001. Um único dado surpreendente - o crescimento de 1,9% da folha de pagamento real, sobre janeiro - se deveu à participação nos lucros na indústria extrativa de Minas Gerais (+133,4%), do Espírito Santo (+74,4%) e da Região Nordeste (+14,9%). É o quinto mês consecutivo de queda do emprego, mostrando que a deterioração não foi interrompida pela recuperação de alguns setores, como o automobilístico. A queda de 3,6% no emprego industrial em São Paulo, em comparação com fevereiro de 2008, foi inferior à média de 4,2%, mas determinante dado o peso do Estado. Ainda piores foram os resultados em Minas Gerais (-5,5%) e nas Regiões Norte e Centro-Oeste (-6,7%). Comparada com a queda de 17% da produção física, a do emprego foi menor. De fato as empresas hesitam ao máximo antes de demitir. Mas técnicos do IBGE notam que pequenas melhorias a partir de março não impedirão que a Pimes de 2009 seja negativa. O emprego caiu abruptamente em setores como o de borracha, metalurgia básica, produtos de metal, máquinas e equipamentos e meios de transporte. O setor automotivo foi puxado para baixo pela queda na venda de motocicletas. Caíram as vendas de eletroeletrônicos e de bens duráveis de consumo, exceto veículos. Nas Regiões Norte e Centro-Oeste, o setor de madeira cortou 23,1% das vagas e o de máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e comunicações, 14,6%. O número de horas pagas recuou pelo quinto mês consecutivo: 5,7% menos em relação a fevereiro do ano passado. O bom desempenho na fase pré-crise garantiu variação positiva de 5,3% na folha de pagamento real, em 12 meses, ante 7,9% em setembro de 2008. Mas neste ano, em vez de aumento real, as centrais sindicais terão de dar prioridade à preservação dos empregos.