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A renda atraente dos papéis brasileiros

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Por Redação
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Um total de US$ 525 milhões em títulos soberanos (Global 2037) foi posto no mercado internacional pelo Tesouro nessa semana. Reabriu-se, assim, o mercado externo para os papéis de prazo muito longo, o que, segundo o Ministério da Fazenda, comprovaria que os investidores estrangeiros estão menos preocupados do que os brasileiros com as contas fiscais do governo central, que registraram déficit primário de R$ 643 milhões, em junho. Em outros países, as contas são ainda piores. A remuneração, de 6,45% ao ano, atraiu os investidores externos e não deve ser considerada baixa, embora inferior à da colocação inicial dos papéis Global 2037, em 2006, a 7,5% ao ano, ou em 2007, com taxa de retorno de 6,63% ao ano, em conjuntura econômica mais favorável. "Enquanto o Brasil vendeu a 6,45% ao ano, o título com mesmo prazo dos Estados Unidos tem taxa de 4,45% ao ano", notou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A diferença foi de "apenas dois pontos" de porcentagem entre os papéis dos dois países. Mas não se deve esquecer que a situação fiscal dos Estados Unidos piorou muito desde o ano passado, por causa das operações de socorro a bancos e grandes empresas. Além disso, já há modestos sinais de desconforto dos aplicadores com os papéis do Tesouro norte-americano. Para o governo brasileiro foi, sobretudo, um teste bem-sucedido. Mas ele foi também necessário, pois prepara o terreno para a colocação de outras emissões de empresas públicas ou de economia mista, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Petrobrás, e companhias privadas. Desde o início da crise, em setembro, o País fez duas captações de papéis Global 2019, mas com prazo menor, de 10 anos. Quanto mais longo o prazo, menores tendem a ser as pressões sobre a dívida pública. A procura pelos títulos brasileiros foi elevada: a emissão poderia ser até sete vezes maior, calculou o ministro da Fazenda. Os coordenadores da colocação, o JP Morgan e o Deutsche, deixaram de receber ordens já na manhã de quarta-feira. E o Brasil já estaria pensando em nova emissão neste trimestre. O total das emissões brasileiras no trimestre chegou a US$ 4,4 bilhões, ante US$ 4,3 bilhões, no segundo trimestre, e US$ 3,2 bilhões, no primeiro trimestre. No ponto mais alto do ano, o prêmio de risco pago pelo País foi de 370 pontos básicos e agora está em 200 pontos, mas esse prêmio poderia cair em caso de corte do gasto corrente.