Imagem ex-librisOpinião do Estadão

A USP e os protestos de sempre

Exclusivo para assinantes
Por Redação
2 min de leitura

A Universidade de São Paulo iniciará o ano letivo no dia 27 de fevereiro e, com a retomada das aulas, devem voltar ao cotidiano da Cidade Universitária os protestos políticos movidos contra as autoridades universitárias - muitas vezes com atos de vandalismo - pelas facções de estudantes e servidores ligadas a micropartidos de esquerda. No ano passado, essas facções usaram a prisão de três estudantes flagrados consumindo maconha, no estacionamento do edifício da História e Geografia, como pretexto para defender a revogação do acordo firmado entre o conselho gestor da USP e a Polícia Militar (PM) com o objetivo de aumentar a segurança na Cidade Universitária, após várias ocorrências violentas no local, inclusive um latrocínio. Apesar de o patrulhamento da PM ter sido decisivo para a redução do número de furtos de automóveis, assaltos a mão armada, sequestros relâmpagos e estupros, essas minorias radicais acusaram a PM de ser o "braço armado de exploradores" e, em seus protestos, depredaram prédios, ocuparam a reitoria e destruíram equipamentos. Para o início de 2012, essas facções escolheram como pretexto para suas "lutas" as mudanças recentemente anunciadas pela Reitoria no sistema de transporte público da Cidade Universitária. Pelo novo esquema, os alunos, professores e servidores receberão um bilhete único exclusivo para ser usado nas duas linhas de ônibus circular do local. Essas linhas, que até agora eram mantidas pela USP, passarão a ser administradas pela São Paulo Transporte (SPTrans). Até agora, o trajeto dessas linhas estava restrito ao interior do câmpus da USP, no Butantã, o que obrigava os usuários a fazer baldeações. Pelo novo sistema, os ônibus circularão de dia e à noite e irão até a estação do metrô mais próxima, num percurso de 18 quilômetros de extensão e com o tempo de viagem estimado em 48 minutos. Hoje, as duas linhas da USP só funcionam de dia. A partir da próxima semana, o atendimento começará às 4 horas e irá até depois da meia-noite - o horário é idêntico ao do metrô. Para atender às duas linhas gratuitas, haverá uma frota de 14 ônibus. Segundo a Reitoria, não haverá mudanças nas linhas de ônibus da SPTrans que cruzam o câmpus da USP. Segundo as autoridades universitárias, serão entregues pelo menos 65 mil cartões de bilhete único. Desse total, 50 mil já estão prontos e 15 mil devem ficar prontos dentro de quinze dias, depois que as unidades da USP encerrarem as matrículas dos alunos aprovados no vestibular de 2012. Embora mudanças como essas façam parte do cotidiano administrativo de qualquer grande universidade, as facções de estudantes e servidores vinculadas a micropartidos de esquerda radical acusam o reitor João Grandino Rodas de ter mudado o sistema de transportes do câmpus com o objetivo de restringir o acesso da população à Cidade Universitária e de "isolar" ainda mais a área. Segundo os porta-vozes dessas facções, pelo sistema em vigor qualquer cidadão pode andar de graça nas duas linhas mantidas pela USP. Pelo novo sistema, apenas os estudantes, professores e servidores têm direito ao transporte gratuito.Para protestar contra o que classificam como "discriminação" da Reitoria, essas facções já começaram a se mobilizar pela internet, com o objetivo de lançar uma onda de protestos já no primeiro dia de aula. Uma das medidas que vêm sendo discutida é estimular todos os passageiros a pular as catracas dos ônibus da SPTrans, deflagrando com isso um processo de "desobediência civil". Também há quem proponha medidas mais violentas, que exigiriam a intervenção da PM, dando a essas facções o pretexto de que precisam para se apresentarem como vítimas da opressão. Quaisquer que sejam as formas de protesto a serem adotadas, o que poderá marcar o primeiro dia de atividades letivas da maior e mais importante universidade brasileira não serão as tradicionais aulas inaugurais, mas as demonstrações de irresponsabilidade e alienação ideológica dos grupelhos de sempre.