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A volta do capital estrangeiro

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Por Redação
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O balanço de pagamentos do mês de março apresentou resultados que podem ser interpretados como sinais de recuperação: o déficit em conta corrente, de US$ 645 milhões, é 9,1% maior do que o do mês anterior, mas a conta financeira aumentou 557%, indicando uma retomada dos investimentos estrangeiros. A balança comercial ficou sensivelmente igual à do mês anterior, com aumento das exportações e das importações, o que representa uma sadia evolução do comércio exterior, levando o Banco Central a aumentar sua previsão de superávit da balança comercial, de US$ 16 bilhões para US$ 17 bilhões. Em contrapartida, houve aumento de 60% do déficit dos serviços. Esse aumento, de US$ 1,045 bilhão, se deveu essencialmente ao crescimento das despesas com juros, de US$ 861 milhões. O que nos parece mais importante é a evolução da conta financeira, que somou US$ 2,608 bilhões. Destaque-se o ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IEDs) sob a forma de participação no capital, de US$ 3,756 bilhões - 153,4% mais do que a média dos dois meses anteriores. Merece destaque também o resultado líquido das operações de renda fixa: em fevereiro tinha havido um saldo negativo de US$ 215 milhões, mas em março houve um saldo positivo de US$ 310 milhões, que mostra o interesse dos investidores estrangeiros em papéis brasileiros. Tivemos em março uma amortização da dívida de US$ 1,912 bilhão, superior à de fevereiro em quase US$ 9 milhões, com taxa de rolagem de apenas 48%. Em abril a situação continua favorável: calculam-se um déficit em conta corrente de US$ 1,3 bilhão e IEDs de US$ 2,3 bilhões, e as entradas de investidores estrangeiros na bolsa parecem evoluir favoravelmente. Só no caso dos empréstimos é que a rolagem da dívida caiu para 44%. Assim, a evolução do balanço de pagamentos, que apresentou superávit de US$ 940 milhões, ante US$ 113 milhões em fevereiro, parece refletir uma melhora da situação das contas externas para o Brasil. O aumento do déficit dos serviços está ligado a essa melhora, no sentido de que temos maiores gastos vinculados ao crescimento da atividade econômica, e que as empresas estrangeiras implantadas no Brasil voltam, em alguns setores, a realizar lucros, o que não é o caso nos países industrializados (a indústria automobilística, por exemplo). A ligeira retomada das exportações também é positiva.