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A volta dos dólares da exportação

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Por Redação
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O fluxo cambial de agosto, até o dia 14, foi positivo em US$ 2,022 bilhões. Como nos três últimos meses, o fluxo financeiro predominou. Porém o fluxo comercial, que havia sido negativo em junho e julho, voltou nessa primeira metade do mês a apresentar um saldo positivo de US$ 696 milhões, ante US$ 2,893 bilhões negativos no mês anterior. A relação entre o fluxo comercial e o saldo da balança comercial, que foi de 193,6% no ano passado, caiu para 58,4% nos sete primeiros meses deste ano, indicando que os exportadores mantiveram parte importante das suas receitas no exterior e que os importadores conseguiram maiores financiamentos. O resultado da primeira metade de agosto marca uma evolução diferente, que certamente reflete a necessidade que os exportadores tiveram de internar parte dos depósitos que mantinham no exterior. Essa mudança tem efeito sobre a entrada de divisas no País, ao mesmo tempo que leva o Banco Central (BC) a aumentar suas compras para evitar uma valorização excessiva do real diante do dólar, que tem efeito desastroso sobre as exportações. É interessante notar que, diante de um fluxo cambial positivo de US$ 2,022 bilhões, as compras do BC, nos primeiros 14 dias de agosto, foram de US$ 1,3 bilhão. A média diária da intervenção do BC no mercado foi de US$ 172 milhões, em maio; de US$ 159 milhões, em junho; de US$ 94 milhões, em julho; e de US$ 130 milhões, na primeira metade do ano. Não há dúvida de que a internação de parte das receitas de exportação neste mês contribuiu para uma maior valorização da moeda nacional. A evolução dos fluxos financeiros não é neutra nesse processo de valorização do real. Nos quatro primeiros meses do ano, o saldo das operações financeiras ficou negativo em US$ 12,968 bilhões, mas, nos três meses seguintes, ficou positivo em US$ 6,905 bilhões, aos quais se deve acrescentar US$ 1,326 bilhão na primeira metade de agosto. A retomada das operações bolsistas neste mês e uma volta do carry over - em que investidores estrangeiros tomam empréstimos nos países onde a taxa de juros é baixa (Japão, EUA), para aplicar em países como o Brasil ou a Turquia, onde os juros são atraentes - contribuíram para a elevação das entradas de capitais, que, porém, não permanecem por muito tempo. Tudo indica que o fluxo cambial continuará positivo nos próximos meses.