Imagem ex-librisOpinião do Estadão

Agrava-se a inadimplência

Exclusivo para assinantes
Por Redação
1 min de leitura

A inadimplência do consumidor paulistano aumentou de 7,6%, em março de 2008, para 9,2%, no mês passado, segundo a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Apesar de mais alto, o indicador não é alarmante nem discrepa de indicadores semelhantes apurados pelo Banco Central (BC) e pela Serasa Experian. O índice de atrasos constatados pela ACSP é o maior em oito anos, mas inferior ao de março de 2001 (9,3%), na fase de racionamento de energia. Março, tradicionalmente, é um mês de inadimplência elevada, que acompanha o grande volume de compras a prazo do final do ano. Na avaliação do economista Emilio Alfieri, da ACSP, houve excesso de endividamento no quarto trimestre de 2008, também um período de juros crescentes. Os analistas tratam como inadimplência os atrasos superiores a três meses. O mês passado refletiu o que vem ocorrendo desde dezembro, quando se agravou o desemprego, com o corte de 654 mil vagas formais. Foi mais difícil renegociar as dívidas vencidas: em março, de cada 100 carnês com atraso, 64 foram renegociados, ante 72, em março de 2008. Os atrasos e a escassez de crédito afetaram as empresas: 61 pediram falência, na capital, contra 50 no mesmo mês do ano passado. E crescem os pedidos de recuperação judicial, na tentativa de evitar a falência. No primeiro bimestre, a Serasa constatou que a cada mil cheques compensados, 23,1 foram devolvidos, ante 19,3 devoluções no mesmo período de 2008 (+19,7%). Em números absolutos, o crescimento foi menor, de 4,6 milhões de cheques devolvidos, em 2008, para 4,67 milhões, em 2009. Isso mostra o uso cada vez menor do cheque, substituído por meios eletrônicos. Em fevereiro, segundo os dados recentes do BC, a inadimplência total das pessoas físicas foi de 8,3%, superior à de 7,1% em fevereiro de 2008, e de 8,2% em janeiro último. É improvável que a inadimplência se reduza neste trimestre, devendo permanecer estável se se mantiver o nível de emprego e houver crédito. Nisso, os bancos de médio porte poderão ajudar, como financiadores habituais do comércio. Eles deverão voltar a oferecer crédito, dadas as facilidades de captação via Recibos de Depósitos Bancários (RDBs), que serão garantidos em até R$ 20 milhões, por decisão do BC. Mas a volta do crédito só significará um forte estímulo à adimplência se for acompanhada da queda dos juros cobrados dos consumidores.