
19 de julho de 2015 | 03h00
Em maio, o nível de atividade estimado pelo Banco Central ficou 3,08% abaixo do contabilizado no mesmo mês de 2014, na série depurada de efeitos sazonais. Na mesma série, o valor acumulado em cinco meses foi 2,64% menor que o registrado até maio do ano passado. Em 12 meses, a queda chegou a 1,68%. Na série sem ajuste, a retração foi um pouco maior, de 1,72%. Apesar do resultado ligeiramente positivo para o último mês avaliado, o quadro apresentado pelo Banco Central continua muito ruim e é até difícil de entender, neste momento, por que o dado mensal terá ficado acima de zero.
O IBC-Br é considerado uma antecipação, imprecisa mas útil, dos números do PIB apresentados a cada trimestre pelo IBGE. Por enquanto, parece mais seguro continuar apostando num balanço negativo do período de abril a junho – e sem expectativa de grande melhora na segunda metade do ano.
O novo dado sobre a redução do emprego industrial aponta a continuidade de uma tendência. Em maio, o número de empregados na indústria foi 5,8% inferior ao de um ano antes. Nos primeiros cinco meses, a média foi 5% menor que a de janeiro a maio de 2014 e em 12 meses a redução foi de 4,4%.
Esses números combinam com a contração do produto industrial, de 3,2% em 2014 e de 6,9% nos 12 meses terminados em maio. No mês, a produção foi 0,6% maior que a de abril e ficou 8,8% abaixo da calculada um ano antes. Mas a melhora de um mês para outro nem sequer compensou as quedas nos três meses anteriores. É provavelmente explicável, portanto, pelo nível muito baixo da base de comparação.
Em maio, houve aumento até da fabricação de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos (0,2%), mas também esse dado parece indicar, simplesmente, uma pequena reação depois de um prolongado e profundo mergulho. No mês, a produção desses bens foi 26,3% menor que a de um ano antes, segundo o IBGE. Seria muitíssimo arriscado, nesse caso, imaginar uma retomada do investimento, especialmente quando há tanta incerteza, entre os empresários, sobre a evolução dos negócios nos próximos meses.
Também os consumidores se mostram inseguros e pouco dispostos a ir às compras. De abril para maio, o volume das vendas no varejo “restrito” diminuíram 0,9%. No varejo “ampliado”, isto é, com a inclusão de veículos e materiais de construção, a queda foi de 1,8%.
Nos dois casos, o acumulado em 12 meses foi negativo, com redução de 0,5% nos números do comércio “restrito” e de 5% no do segmento “ampliado”. Esses dados claramente remetem à elevação de juros, ao crédito mais apertado, ao desemprego em alta e à redução dos incentivos fiscais ao consumo. Evidenciam, também, a forte retração da atividade no setor automobilístico e a estagnação dos programas habitacional e de investimento em infraestrutura.
No Ministério da Fazenda já se projeta para 2015 uma contração econômica de 1,5%. É uma estimativa mais sombria que a apresentada pelo Banco Central (redução de 1,1%) em seu relatório de junho sobre as condições da economia. Apesar dos negócios em crise, a inflação continua elevada e isso complica extraordinariamente o cenário.
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