
07 de outubro de 2014 | 02h05
A tarefa de concretizar o sentimento de verdadeira mudança manifestado nas urnas é agora a responsabilidade maior dos dois grupos políticos que, reunidos em torno de Aécio Neves e de Marina Silva, foram os indutores de um resultado adverso ao lulopetismo na primeira fase da votação presidencial. É do entendimento democrático entre essas duas forças, colocando o interesse nacional acima das conveniências partidárias ou pessoais, que depende em boa parte a oportunidade que deve ser oferecida ao povo brasileiro de promover a grande mudança a que tanto aspira. E tudo indica que esse entendimento pode estar a caminho.
E mesmo na indesejável possibilidade de que as forças políticas que apoiam Aécio e Marina não se mantenham íntegras para marcharem unidas no segundo turno, nada impede que o sentimento oposicionista simbolizado pelo claro desejo nacional de mudança prevaleça nas urnas do dia 26. Afinal, as lideranças político-partidárias influenciam, mas não dominam, o arbítrio do eleitor. E isso ficou muito claro no último mês da campanha do primeiro turno, quando a maioria do eleitorado oscilou entre os nomes de Aécio e de Marina, mas jamais teve abalada a sua determinação de votar contra o PT.
A votação de Dilma Rousseff no primeiro turno ficou abaixo do indicado pelas pesquisas - inclusive a de boca de urna -, mas foi notável a vigorosa recuperação de Aécio Neves, que até poucos dias antes amargava o terceiro lugar, com índice de intenção de voto abaixo dos 20%. Numa extraordinária demonstração de força de vontade e competência política, quando as circunstâncias lhe pareciam adversas, o ex-governador mineiro foi à luta com determinação redobrada e, passo a passo, recuperou com sobras o eleitorado que estava perdendo para a candidata do PSB. Acabou obtendo nas urnas quase 35 milhões de votos (33,5%), logrando reduzir para apenas 8 pontos porcentuais uma vantagem de Dilma que chegara a cerca de 25 nas pesquisas de opinião.
Por outro lado, a reversão da trajetória ascendente que Marina Silva vinha cumprindo até o início de setembro foi o resultado, em parte, dos ataques contundentes que sofreu por parte de Dilma Rousseff e do PT, muitas vezes mentirosos e indignos, mas, sobretudo, da falta de quadros e de estrutura partidária de sua base de apoio.
Agora, a disputa começa em outros termos. Dilma Rousseff já não contará com a enorme vantagem de tempo na propaganda dita gratuita no rádio e na televisão. O tempo será agora dividido igualmente entre os dois candidatos. Dez minutos diários para cada um que o PT, por sua vez, dividirá entre a tentativa de, a qualquer preço, demolir a reputação de Aécio Neves e a manipulação de imagens, dados e estatísticas para escamotear o fato de que os quatro anos de mandato de Dilma Rousseff têm sido um retumbante fracasso, sob qualquer ponto de vista.
A Aécio Neves caberá demonstrar, com seu programa de governo e o apoio de uma equipe idônea e comprovadamente competente, que os tucanos e seus aliados estão prontos para resgatar o Brasil de uma sequência de maus governos. Prontos para resgatar o Brasil do populismo irresponsável que ameaça a todos, especialmente os pobres, com recessão econômica e inflação. E prontos para resgatar a moralidade na administração da coisa pública, que foi levada ao fundo do poço pela corrupção que contamina o aparelho estatal.
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