
31 de maio de 2016 | 03h00
Há três fatores principais a justificar o aumento. Primeiro, a inflação ao consumidor começou a subir – se nos últimos 12 meses ela ainda é de 1,1%, longe dos 2% desejados pelo Fed, a marca de 0,4% em abril chegou acompanhada de expectativas de que a meta de inflação está menos distante, como admitiu a ata da última reunião do Fomc.
O segundo fator é a redução do desemprego, pois o Fed tem a dupla missão de preservar o valor da moeda e favorecer o maior ritmo possível de contratações de pessoal. A indústria automobilística, por exemplo, produz em ritmo forte e emprega mais. O nível de desemprego já é inferior à Nairu, sigla em inglês que indica que a taxa de desemprego não é aceleradora da inflação.
Em terceiro, em linguagem cuidadosa, a ata do Fomc levantou a hipótese de que o mercado talvez não avalie corretamente a probabilidade de alta de juros já no mês que vem. Ainda que qualquer decisão de alta do juro básico dependa de novos dados, cresceu a possibilidade de que comece um processo gradual de normalização monetária, pois está claro que a meta atual de juros entre 0,25% ao ano e 0,5% ao ano é baixa, desestimulando a formação de poupança financeira tanto pelas empresas como, em especial, pelas famílias.
A taxa de juros do Fed tem impacto sobre o Brasil. Em alta, favorecerá a atração de capitais para os Estados Unidos, em detrimento de mercados de maior risco, como o brasileiro. É possível que os mercados já tenham, em parte, se antecipado à alta do juro norte-americano, mas poderá ser mais difícil para o Banco Central iniciar o ciclo de redução do juro básico no País.
Em tese, a combinação de menor taxa básica no País e maior taxa nos Estados Unidos deve exercer pressão sobre a política monetária – a última pesquisa semanal Focus do Banco Central previu o juro em 12,88% ao ano em dezembro, de 12,75% na pesquisa anterior.
Encontrou algum erro? Entre em contato