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'Anos dourados' à frente para a América Latina?

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Por Redação
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O Banco Mundial tem divulgado uma série de artigos (Economic Premise)dedicados à redução da pobreza e à administração econômica. O n.º 10, deste mês, traz o título A brave new world for Latin America. Assinado por Marcelo M. Giugale, o artigo assegura que a agenda econômica do continente mudará em futuro breve.Assim, a política fiscal dos governos será monitorada "mais independentemente" com uma inclinação mais "contracíclica"; a regulamentação financeira será "mais rigorosa" e menos afinada com um "único modelo internacional" (referência, talvez, ao chamado modelo de Washington?); a inovação estará no centro das estratégias de comércio; os programas sociais serão orientados para oferecer igualdade de oportunidades (equity), mais do que simplesmente igualdade (equality); mais agências governamentais serão administradas com vistas, principalmente, para o resultado da sua atuação, "iniciando um longo processo de ganhar a confiança dos cidadãos".Esse admirável mundo novo, que levaria a América Latina a assumir "um papel global bem maior", será "liderado pelo Brasil". E, se a economia mundial se mantém sem maiores trancos, "os latino-americanos estarão em trajetória de desenvolvimento muito mais rápida".Estatísticas levantadas pelo autor do artigo evidenciam, porém, que as melhorias de políticas elencadas por ele levarão muito tempo para produzir diferenças significativas no bem-estar médio da população.Duas merecem menção: a dos dispêndios em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e a do índice de igualitarismo socioeconômico (coeficiente de Gini). Na primeira, o dispêndio dos principais países do continente em P&D fica abaixo de 1% e de 0,5% do PIB per capita, enquanto o de países líderes nesse quesito se aproxima de 4%, com destaque para o de Israel, que quase chega a 5% do PIB per capita.Na segunda, vê-se que, antes e depois da implantação de políticas públicas de transferência de renda, o coeficiente de Gini pouco se modificou na América Latina em geral e nos seus principais países ? aquecendo o debate sobre qual a melhor política pública: a redistributiva ou a incentivadora dos negócios privados? Os dois lados do debate concordam, porém, diz o autor, com a necessidade de dar igualdade de oportunidades em nome da justiça social e como forma de incentivar o esforço pessoal. E, desde 2008, um novo indicador, o HOI (Human Opportunity Index), tem melhorado na região.