A modestíssima taxa de crescimento de 0,1% do volume de serviços registrada entre janeiro e fevereiro reflete a falta de dinamismo do setor terciário, responsável por mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB). Muito pior é a comparação com os indicadores de 2017, pois, na maioria dos itens analisados, o quadro se agravou.
Entre fevereiro de 2017 e fevereiro de 2018, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume total de serviços reduziu-se 2,2%. Os serviços prestados às famílias caíram 5,2%, os serviços de tecnologia de informação e comunicação reduziram-se 5,3% e os serviços profissionais, administrativos e complementares diminuíram 1,6%.
Um dos exemplos mais dramáticos de queda foi o do setor de alimentação às famílias, liderado pelo recuo de restaurantes, lanchonetes e bares, “que compõem 45% desse grupo de atividades”, segundo o gerente da pesquisa do IBGE, Rodrigo Lobo. Não bastou a alta dos serviços de hotelaria, “que representam 25% do grupo”, para compensar a queda da alimentação.
Mais famílias dão preferência a fazer refeições em casa, gastando menos e ajustando o orçamento doméstico. Outras cortam a demanda de serviços de alimentação por falta de renda decorrente do desemprego de um ou mais membros do núcleo familiar. Mas o resultado final do corte de despesas nem sempre tem efeito positivo, pois os indicadores de endividamento deixam a desejar.
Outro destaque negativo é o comportamento das telecomunicações, evidenciado pela situação difícil de grandes empresas de telefonia.
O setor de serviços em geral depende do comportamento da indústria e do comércio, nos quais o ritmo de atividade também é insatisfatório.
O que parece pior no setor terciário é que a recuperação esboçada no segundo semestre de 2017, inclusive em dezembro, não se confirmou. São poucos os segmentos de serviços cuja demanda está sendo preservada, caso de transportes, serviços auxiliares e correios, que ainda mostram dados positivos nas comparações com 2017, mas já registram leve queda na comparação entre janeiro e fevereiro.
A reanimação do setor já não conta com as medidas poderosas de estímulo presentes em 2017, como a liberação das contas inativas do FGTS que propiciou renda às famílias.