12 de setembro de 2014 | 02h05
Em agosto, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou um relatório animador, revelando que, em 2013, o desmate na Amazônia Legal - que inclui todos os Estados da Região Norte e parte de Mato Grosso e do Maranhão - limitou-se a 5.434 km², uma área ainda muito grande, mas 80% menor do que a desmatada no início da série histórica em 2004, que alcançou 27.772 km². Desde então, contudo, os ganhos foram instáveis. Por exemplo, o Sistema de Detecção de Desmatamento (Deter) do Inpe, que monitora em tempo real as áreas passíveis de degradação, informou que, entre agosto de 2013 e julho deste ano, o desmate aumentou 9,8% em relação aos 12 meses anteriores, somando 3.306 km², o que fez soar um novo alerta quanto à necessidade de reforçar a vigilância.
Esses dados vêm comprovar que a fronteira agropecuária continua se estendendo, inclusive com o uso de fogo para transformar áreas de floresta em pastagens, embora a atividade madeireira ilegal não seja, de modo nenhum, desprezível. O levantamento aponta o Pará como o Estado em que a derrubada foi mais intensa (532 km²), seguido de Mato Grosso (268 km²), Rondônia (263 km²) e Amazonas (167 km²).
A julgar por esses dados, seria previsível que o total desmatado em 2014 superasse o do ano passado. A expectativa do Ministério do Meio Ambiente, porém, é de que haja uma queda a partir de setembro. Em comunicado à imprensa, o Ministério destacou os resultados de uma operação realizada no fim de agosto, considerada a maior ação repressiva ao desmate até agora, tendo como alvo o município paraense de Novo Progresso, às margens da BR-163, que responde por 20% do desmatamento detectado em toda a Amazônia Legal. Numa ação conjunta da Polícia Federal, Ibama, Ministério Público e Secretaria da Receita Federal, foram presos vários integrantes de uma quadrilha que desmatava assentamentos, terras indígenas e terras públicas para lotear e vender.
Segundo o diretor do Departamento de Proteção Ambiental do Ibama, Luciano Evaristo, "desbaratamos a maior organização criminosa que explorava o desmatamento no sul do Pará. Agora, eles (os criminosos) não terão acesso ao dinheiro que financia o desmatamento".
Espera-se que a operação tenha o efeito de inibir os desmatamentos para ampliar a atividade pecuária em áreas de florestas legalmente protegidas. A pressão contrária, porém, é forte. Com o aumento dos preços da carne em razão do crescimento da demanda internacional, o plantio de soja, antes o maior responsável pela degradação florestal na Amazônia, cedeu lugar à pecuária, que, segundo o Inpe, ocupa 66% das áreas desmatadas.
Convém notar que, de acordo com resolução do Conselho Monetário Nacional, a concessão de crédito rural deve obedecer a critérios ambientais, não sendo permitidas operações com produtores que atuam em áreas ilegalmente desmatadas. Também a sociedade se tem mobilizado, por meio de associações ambientalistas, para exigir que a carne vendida ao consumidor seja certificada. Em resposta, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) firmou recentemente acordo com o Ministério Público Federal para evitar a compra de carne bovina proveniente de áreas com irregularidades ambientais e sociais, como desmatamento, invasão de terras públicas e trabalho escravo.
Há, portanto, um grande esforço para que o País cumpra o compromisso assumido na Conferência de Mudanças Climáticas de 2005 de baixar os índices de degradação e desmatamento da Amazônia, de acordo com o objetivo global de reduzir a emissão de gases de efeito estufa.
Encontrou algum erro? Entre em contato