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Aumento medíocre do PIB

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Por Redação
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A queda do PIB no 1º trimestre do ano, de 0,8%, foi menor do que se esperava - embora se some à de 3,6% do último trimestre de 2008 - e representaria uma recessão, se definida por queda do PIB em dois trimestres sucessivos (definição muito discutível, a que não se deve dar destaque, sendo mais importante examinar a evolução por setores e sob o ângulo da demanda). Do ângulo setorial, o problema maior é o medíocre desempenho da indústria, que caiu 8,2%, no último trimestre de 2008, e mais 3,3%, no 1º trimestre de 2009, parecendo indicar que o aumento da demanda foi atendido apenas por uma redução de estoques. O único setor que teve crescimento foi o de serviços, com 0,8%, mas cuja ampla diversidade dificulta uma avaliação significativa. A evolução do PIB sob a ótica da demanda nos parece bem mais interessante. Três fatos merecem destaque: a forte queda dos investimentos, a significativa retração do comércio externo e uma recuperação, ainda que modesta, do consumo das famílias e da administração pública. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que no ponto alto de 2008 chegou a 19% do PIB, apresentou recuo de 12,6%, maior do que o do quarto trimestre anterior (9,3%), com uma contribuição de apenas 16,6% para o PIB. Seguramente, com a queda da produção, houve um forte recuo dos investimentos privados, que não foi compensado - ao contrário do que se anunciara - pelos investimentos do setor público, dado o grande atraso na realização do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Com as transferências governamentais foi possível, apesar do desemprego, recuperar o consumo das famílias, que, depois de uma queda de 1,8% no trimestre anterior, cresceu 0,7% no 1º trimestre de 2009. Cresceu também o consumo da administração pública, de 0,5% para 0,6%. A queda das exportações de bens e serviços - de 3,2%, no último trimestre de 2008, e de 16%, no primeiro deste ano - explica em grande parte a queda da produção industrial. E isso só foi amenizado um pouco graças a um recuo ainda maior, de 16,8%, das importações. Verifica-se que uma recuperação do PIB nos próximos meses terá de se concentrar no aumento dos investimentos públicos e numa melhora do comércio exterior. O que parece difícil, levando em conta a conjuntura do segundo trimestre, é que se possa conseguir um crescimento do PIB de no máximo 1% no ano de 2009.