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Avanço no combate ao crime

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Por Redação
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As últimas estatísticas sobre a criminalidade em São Paulo - capital e Estado - têm alguns dados animadores, como os referentes à redução dos homicídios, e outros preocupantes, como o aumento dos latrocínios e roubos de veículos. Todo cuidado é pouco nessa questão, ainda mais tendo em vista esse descompasso entre dois índices importantes, mas no geral parece haver uma melhora da situação, considerando-se que a nova orientação no combate ao crime adotada pelo secretário de Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, pode dar bons resultados, como reconhecem especialistas na matéria.Na capital foi registrada em novembro a maior queda de homicídios dolosos do ano - as 101 ocorrências nesse mês representam uma redução de 29,9% em relação ao mesmo período de 2012. No Estado, a queda foi de 25,3%. Parece estar superada a situação criada em novembro daquele ano, quando mais uma vez o Primeiro Comando da Capital (PCC) provocou conflitos com a polícia que elevaram a taxa de homicídios. Só do lado da polícia houve uma centena de mortos, provocando uma crise que levou à substituição da cúpula da segurança pública. As seguidas quedas do índice de homicídios dolosos - a de novembro foi a oitava - sugerem que São Paulo tem tudo para voltar à situação anterior a essa crise. Nos 10 anos antes da crise, esse tipo de crime sofreu uma redução de 70%, o que colocou São Paulo na melhor situação em relação aos outros Estados. Voltar a ela, como tudo indica estar acontecendo, é animador, embora falte ainda um longo caminho a percorrer para que a capital paulista atinja índices de criminalidade semelhantes aos das grandes cidades dos países desenvolvidos, como deseja a população.Como quase todos os outros meses de 2013 apresentaram redução de homicídios, isso indica estarmos diante de uma tendência, não de fatos isolados, segundo o especialista em segurança Jorge Lordello. Esse é o dado mais animador das estatísticas, não a queda, apesar de considerável, do mês de novembro.O outro lado da moeda é o aumento dos índices de latrocínio e crimes contra o patrimônio. Na capital, onde a situação é pior, o aumento dos latrocínios foi de 42,9% em novembro e de 33% no acumulado de janeiro a novembro, em relação a igual período de 2012. Os números relativos aos roubos em geral foram respectivamente de 19,6% e 9,8% e os de roubo de veículos, de 38,8% e 13,7%. Estes últimos devem ser destacados não só pela sua magnitude, como também pelo fato de o roubo de veículos estar muito ligado ao latrocínio. Um número elevado desse crime - um dos que mais amedrontam a população - ocorre quando há resistência durante roubo de carro ou quando ladrões mais jovens se descontrolam, o que é frequente. Como diz Lordello, "o latrocínio é o roubo que não deu certo, é o assalto em que a vítima reagiu ou o marginal se atrapalhou com a arma".O combate mais eficiente a esses crimes, que mantêm relação tão estreita, depende do resultado que se espera da orientação traçada pelo secretário Grella Vieira, que dá destaque à investigação, ao serviço de inteligência e a uma maior integração entre as Polícias Civil e Militar. Uma consequência disso foi a criação do Relatório Analítico Gerencial de Segurança Pública (Regisp), que permite aos policiais civis e militares acompanhar online a situação de cada tipo de crime nas várias regiões da cidade. Ele é, portanto, um instrumento que permite planejar melhor as ações conjuntas da duas polícias.Embora o policiamento ostensivo continue a ser feito como sempre, os serviços de informação e investigação estão merecendo cada vez mais atenção e recursos humanos e materiais. Essa política, que predomina nas melhores polícias do mundo, sempre foi reclamada pelos especialistas. É a ela que Grella Vieira atribui a melhora nos demais índices de criminalidade e é dela que se esperam resultados semelhantes nos casos de latrocínio, de roubo de carros e de crimes contra o patrimônio em geral.Se o governo insistir nessa linha, são boas as possibilidades de que consiga atingir tal objetivo.