Imagem ex-librisOpinião do Estadão

Bancos brasileiros no exterior

Exclusivo para assinantes
Por Redação
2 min de leitura

Com o objetivo de dar suporte às exportações brasileiras ou de facilitar a atuação de sucursais de companhias nacionais, foram os bancos comerciais que primeiro procuraram se expandir em países estrangeiros. Outro atrativo era servirem de canal para as remessas financeiras de emigrantes brasileiros vindas principalmente dos Estados Unidos, Japão e países da Europa. Com a crise internacional e o recuo das grandes instituições financeiras privadas internacionais, muitas delas em fase de reestruturação, agora são os bancos de investimento nacionais que desbravam uma nova fronteira no mercado externo, atuando como intermediadores na captação de recursos não só por empresas instaladas no Brasil, como também de países vizinhos, conquistando uma fatia já considerável de um mercado em franco crescimento. Segundo a Thomson Reuters, empresas privadas da América Latina captaram bônus em moeda estrangeira no valor de US$ 24,2 bilhões este ano (até 10 de fevereiro), em comparação com US$ 14,28 bilhões em igual período de 2011. Do total de 2012, US$ 15 bilhões foram captados por títulos de companhias instaladas no Brasil.Para as empresas dos países em desenvolvimento do continente, menos afetados pela crise de crédito internacional, o lançamento de títulos no exterior, em um momento de grande liquidez no mercado internacional, é muito atraente em termos de custo. Não há melhor exemplo que o recente lançamento de títulos da Petrobrás, no valor de US$ 7 bilhões, a maior oferta de dívida já feita por uma empresa brasileira, pagando um rendimento baixo (US$ 1,25 bilhão de novos títulos de três anos da empresa, por exemplo, têm um yield de 3,051% ao ano). Não tem faltado demanda de investidores e de empresas com sobras de caixa dos países desenvolvidos, que buscam um retorno mais elevado do que podem obter em seus mercados. No caso da Petrobrás, a demanda superou US$ 25 bilhões, mais de três vezes o total captado, e a operação foi fechada em um único dia.É justamente essa brecha que tem sido bem aproveitada pelos bancos privados de investimento nacionais. Nota-se, bem a propósito, que, como banco comercial, foi o Banco do Brasil (BB) que começou a implantar agências no exterior e ainda hoje é aquele que tem mais sucursais ou escritórios em países estrangeiros. No tocante, porém, a captações, a iniciativa passou ao setor financeiro privado, que o BB hoje busca acompanhar. Os bancos de investimento brasileiros são hoje concorrentes levados muito a sério no mercado internacional, como disse Renato Ejnisman, do Bradesco BBI, instituição que acabou de abrir uma filial em Hong Kong. A princípio, o movimento de emissões atendeu a sucursais de empresas brasileiras no exterior, mas não tardou a estender-se a outras companhias nacionais e de países vizinhos. Ou mesmo grandes multinacionais: o Bradesco BBI foi indicado como cogestor de uma venda de bônus de cinco anos da Ford Motor Co.Atualmente o Itaú BBA faz parte de um consórcio para a venda de títulos de seis anos de uma companhia da província de Salta, na Argentina, e já está estruturando dois lançamentos de empresas chilenas, prevendo mais atividade a partir de março. O banco, que opera também no Peru, já programou o início, em meados deste ano, de suas atividades na Colômbia, hoje a terceira maior economia da América Latina.Muito agressivo no mercado externo de captação tem sido o BTG Pactual. O banco, em associação com Citigroup e com o Barclays Capital está atuando para lançar títulos no exterior da prefeitura de Buenos Aires, que pretende retornar ao mercado depois de dois anos. Sendo sua estratégia "continuar atraindo negócios de companhias de fora do Brasil", como disse Alexander Severino, que trabalha para o banco em Nova York, o BTG Pactual adquiriu por US$ 600 milhões o controle da Celfin Capital, do Chile.Aos poucos o Brasil se firma como potência financeira em termos regionais.