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Boas notícias da Ásia

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Por Redação
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Há boas notícias para o Brasil no panorama econômico da Ásia divulgado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Principal mercado para as exportações brasileiras de commodities, a China deve crescer 7,5% neste ano e 7,3% no próximo, segundo as novas projeções. Em 2013 a economia chinesa cresceu 7,7%. No ano passado o Brasil exportou para o mercado chinês produtos no valor de US$ 46,03 bilhões, correspondentes a 19,01% das vendas externas do País. O comércio bilateral proporcionou ao lado brasileiro um superávit de US$ 8,72 bilhões. A Ásia deve manter-se como a região mais dinâmica do planeta, com expansão estimada em 5,4% em 2014 e 5,5% em 2015.Se dependesse principalmente do desempenho dos grandes mercados, a economia nacional teria boas perspectivas, porque também nos Estados Unidos e na União Europeia o cenário é promissor. Mas os maiores obstáculos ao avanço brasileiro estão dentro do País, embora o governo insista em afirmar o contrário. Por isso, apesar da melhora das condições na maior parte dos mercados, o FMI estima para o Brasil uma expansão de apenas 1,8% em 2014 e uma aceleração para 2,7% em 2015, quando a economia global deverá crescer, segundo os novos cálculos, 3,9%.No cenário apresentado pelo FMI, a China continuará sendo o principal motor da expansão asiática e, além disso, um dos principais do mundo. Em relação à economia global, a grande novidade será o impulso proporcionado pelas economias americana e europeia. A recuperação dos Estados Unidos já foi sensível nos últimos dois anos. A maior parte dos países europeus apenas começou a vencer a recessão, mas já deverá proporcionar alguma contribuição ao comércio global.A segunda maior economia da Ásia e terceira do mundo, o Japão, também começou a se mover, embora ainda lentamente, depois de duas décadas de baixíssimo crescimento. Para a economia japonesa, as estimativas são de crescimento de 1,4% neste ano e 1% no próximo, se continuar dando certo o plano de reativação, conhecido como abenomics, termo derivado do nome do primeiro-ministro Shinzo Abe. O plano inclui, entre outras medidas, um afrouxamento monetário para livrar o país de uma longa deflação. Com uma inflação de 1%, metade do caminho foi percorrida, mas ainda há o risco, apontado na análise do FMI, de perda de eficácia da abenomics.As taxas de crescimento previstas para os vários grupos de países da Ásia são desiguais, mas, de modo geral, são robustas. Para o conjunto dos países classificados como emergentes, a expansão média deve ficar em 6,7% em 2014 e 6,8% em 2015. Esse grupo inclui, além da China, Índia, Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã. A economia vietnamita cresceu 6,2% em 2011,5,1% em 2012, 5,4% em 2013 e deve crescer 5,6% neste ano e 5,7% em 2015, com desempenho muito mais sólido e mais regular que o exibido pelo Brasil. Para a Índia, um dos componentes da sigla Brics (Brasil, Rússia, China e África do Sul são os outros), as estimativas são de 5,4% em 2014 e 6,4% no próximo ano.De modo geral, as economias da Ásia enfrentaram bem os primeiros impactos da redução dos estímulos monetários americanos. Também foram afetadas, de imediato, pela piora das condições internacionais de financiamento e pela mudança dos fluxos de capitais, mas superaram a prova. A maior parte desses países tem condições fiscais razoáveis e inflação baixa. Apesar disso, os governos deverão, segundo os economistas do FMI, levar em conta uma série de riscos e reforçar as condições de crescimento.A maior economia da região, a China, é uma fonte de riscos: se a sua economia desacelerar mais do que o previsto, haverá efeitos em todos os países da Ásia (e o Brasil, nesse caso, também será atingido). Para os países com inflação baixa, a recomendação imediata é manter políticas monetárias mais ou menos folgadas e propícias ao crescimento. Alguns governos terão de reforçar as contas públicas e vários, incluído o indiano, precisarão investir em infraestrutura. Mas as perspectivas, por enquanto, são geralmente positivas para a região.