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Crédito aumenta só para as famílias

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Por Redação
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No mês de maio, as operações de crédito ainda não refletiam a significativa redução da taxa Selic, decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Mas refletiam os efeitos da campanha contra os spreads elevados, o que parece se consolidar em junho. Nas estatísticas divulgadas ontem pelo Banco Central, vê-se que o volume de crédito cresceu 0,8%, atingindo 43% do PIB (e continuou crescendo 0,6% na primeira quinzena de junho). No entanto, as operações com pessoas físicas (PFs), inclusive com recursos direcionados, aumentaram 0,9%, enquanto as destinadas às pessoas jurídicas (PJs) cresceram apenas 0,2%. Quanto às operações livremente pactuadas, as com PFs cresceram 2,4% e as com PJs caíram 0,5%. Como se vê, a política creditícia privilegia as PFs (consumidores), em detrimento dos produtores. O montante de crédito (saldo) foi de R$ 450 bilhões, para as PJs, e de R$ 426,1 bilhões, para as PFs - essa diferença entre as duas categorias se reduz a cada mês. Isso não quer dizer que as empresas não procurem crédito. É que, com taxas de juros na média de 28,5%, ante 28,8% no mês anterior, elas evitam recorrer a ele pagando um custo que ultrapassa a margem de lucro. Já as PFs, mesmo pagando juros de 37,4% (38,6%, em abril), não temem se endividar. Os spreads reduziram-se, em maio, 0,4 ponto porcentual (p.p.), para as PJs, e 1,1 p.p., para as PFs. Na primeira quinzena de junho, as taxas continuaram a cair, mas ainda estão muito altas para as PJs (28,1%). Se considerarmos as concessões acumuladas no mês de maio, verificaremos que diminuíram de 2,6%, para as PJs, e de 1,2%, para as PFs. As grandes empresas procuram obter crédito no exterior num período em que o acesso ao mercado internacional ficou mais fácil. A redução maior da taxa para as PFs se deve provavelmente a uma maior presença dos bancos públicos, cuja participação se elevou de 37,7% a 37,8%, aumentando ligeiramente a concorrência entre os bancos. Cumpre assinalar a redução de 2,5% das operações de cheque especial para as PFs, enquanto o crédito pessoal acusava aumento de 2,7%, dado o crescimento da participação do crédito consignado nessa modalidade (55,4%). A inadimplência para as PJs aumentou de 2,9% para 3,2%, e para as PFs, de 8,4% para 8,6%, mas o curioso é que isso não foi acompanhado de uma elevação do spread...