08 de janeiro de 2012 | 03h06
A meta divulgada pela agência no início do ano era de, em 2011, praticamente quadruplicar as operações, chegando ao fim de dezembro com uma carteira de crédito de cerca de R$ 1 bilhão. Para isso, a Nossa Caixa Desenvolvimento deveria desembolsar R$ 750 milhões (valor que se somaria aos contratos de empréstimo ainda em vigor), contra R$ 200 milhões desembolsados em 2010. Mas a agência desembolsou apenas R$ 230 milhões em 2011, com o que a carteira de crédito chegou a R$ 350 milhões.
Ao anunciar a meta, o presidente da agência, Milton Luiz de Melo Santos, admitiu que era arrojada, mas garantiu que "trabalharia alucinadamente" para atingi-la. De fato, a Nossa Caixa Desenvolvimento parece ter feito o esforço prometido para ampliar o número de empresas financiadas, tendo para isso procurado estimular o potencial dos parques tecnológicos em funcionamento no Estado, como os de Campinas, São Carlos e São José dos Campos, e os em instalação nas cidades de Araçatuba, Barretos, Botucatu, Ilha Solteira, Barueri, Piracicaba, Ribeirão Preto, Santo André, Santos, São José do Rio Preto, Sorocaba e São Paulo.
Além disso, a agência criou linhas específicas, como a destinada aos pequenos produtores, comerciantes e prestadores de serviços do Vale do Ribeira. Ela mantém também linhas para a área de petróleo e gás e para a construção de distritos industriais e centros de distribuição e abastecimentos no interior.
A agência apostou no interesse das empresas nas linhas de crédito. Mas as empresas têm dificuldade para apresentar a documentação necessária. Os documentos são os exigidos em qualquer operação com organismos oficiais, como certidões negativas de débito com a Receita, o INSS e o FGTS.
Elas também precisam comprovar sua boa situação econômico-financeira, indispensável para a avaliação do risco da operação e - evidentemente - ter um projeto a ser financiado. "Mas a realidade é que as empresas têm uma dificuldade enorme de apresentar projetos", disse o presidente da agência ao jornal Valor.
É um problema conhecido há muito tempo. "As pequenas e microempresas não se preparam para ter documentação adequada para pleitear financiamento no sistema de crédito", observou Milton Santos há alguns meses, durante debate na Amcham-São Paulo. Pouco profissionalizadas, elas não conseguem comprovar seus resultados financeiros nem oferecer as garantias exigidas para a concessão dos financiamentos.
Sem possibilidade de utilizar linhas de crédito de longo prazo - há alguns meses, a Nossa Caixa Desenvolvimento ampliou o prazo de pagamento de 5 para 10 anos e a carência de 1 para 2 anos -, muitas empresas recorrem a empréstimos bancários de curto prazo, como cheques especiais e financiamento de capital de giro, bem mais caros do que os oferecidos pela agência de fomento paulista.
"Capital de giro não é nossa prioridade", ressalva Santos, pois a agência tem o objetivo de financiar o desenvolvimento de longo prazo da empresa. Mas concede esse tipo de empréstimo para iniciar o relacionamento com as empresas.
Há pouco, a agência colocou no ar o Canal do Empresário, para oferecer aos interessados as informações necessárias sobre as linhas de crédito disponíveis e as exigências para obtê-las. Isso facilita a vida dos pequenos empresários em busca de financiamento, mas o crescimento mais rápido dos empréstimos de longo prazo, em condições mais favoráveis, depende muito da capacidade administrativa do próprio interessado.
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