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Cresce a cobrança de juros sobre cartões de crédito

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Por Redação
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O crédito consignado, em que o empregado obtém empréstimo a custo menor, já que a retenção do salário garante o reembolso, contribuiu para ampliar a classe C e estimulou os bancos a multiplicarem a oferta de cartões de crédito.Mas essas pessoas, que já tinham dívidas no crédito consignado, rapidamente se viram em dificuldades para honrar os novos compromissos assumidos com as compras realizadas por meio dos cartões de crédito que receberam.Um atraso no pagamento da fatura do cartão acarreta juros altíssimos (mais de 150% ao ano) o que, naturalmente, conduz a uma inadimplência particularmente elevada...Os bancos têm grande interesse na emissão de cartões com pagamento anual do serviço, enquanto recebem das lojas uma remuneração como administradores dessa moeda de plástico. Por isso, procuram empurrar as famílias para o uso desse meio de pagamento. E, de fato, os titulares dos cartões têm a tendência de abrir uma conta no banco que emitiu o cartão. Porém, as instituições financeiras não podem correr o risco, ao financiar o pagamento das faturas, de ter uma perda muito elevada ? em fevereiro o saldo dos empréstimos para pagamento dos cartões de crédito somava R$ 15 bilhões, acusando um crescimento de 45,5% em 12 meses.Os bancos, sempre muito inventivos, criaram um sistema que oferece um pagamento parcelado das faturas de cartão, mas cobrando juros elevados que variam entre 3% e 10% ao mês. Já se constatou que 38% dos usuários dos cartões dos bancos pertencem à classe C e 30%, às classes D e E. Para os cartões de lojas, os valores são respectivamente de 38% e 15%.Os comerciantes que aceitam os cartões de crédito, por sua vez, ao propor pagamento "no cartão" em várias prestações, sem juros, incluem esses juros no preço à vista e chegam a ter maior interesse na venda a prazo por causa dos ganhos que auferem com os juros disfarçados.As autoridades monetárias adotaram medidas que asseguram o direito de recusar cartões de crédito que os bancos tentam impor a seus clientes. Seria, no entanto, necessário estabelecer, para cada mutuário, um teto para o valor das compras que pode realizar com seus cartões, levando em conta também a dívida que já contraiu no crédito consignado. Caberia, ainda, fixar juros máximos a serem cobrados em caso de inadimplência. Isso daria certa responsabilidade aos bancos e lojas que emitem cartões de crédito sem verificar a renda dos clientes.